Bancos globais deveriam avançar em metas para conter emissões, diz instituto

Segundo o World Resources Institute, papel de bancos com atuação em múltiplos países não tem sido desempenhado como necessário para ajudar o mundo a conter o aquecimento global

CO2
Por Greg Ritchie e Alastair Marsh
14 de Agosto, 2024 | 01:49 PM

Bloomberg — Um novo estudo do World Resources Institute diz que bancos globais poderiam fazer mais para atender metas de redução de financiamento a atividades que afetam diretamente mudanças climáticas.

Uma análise de 25 das maiores instituições financeiras do mundo revelou que “os bancos não só estão fora do caminho para atingir as metas de zero líquido como muitos de seus compromissos são menos ambiciosos do que parecem à primeira vista”.

“Apesar do avanço, muitos bancos não possuem nenhuma ou têm metas fracas em setores-chave”, disseram Anderson Lee e Amanda Carter, os dois pesquisadores do WRI que escreveram o relatório divulgado nesta quarta-feira (14). Além disso, “as metas existentes não estão alinhadas em limitar o aquecimento global a 1,5°C”, disseram.

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Os resultados chegam em um momento em que alguns representantes proeminentes de Wall Street têm feito alertas contra um afastamento dos combustíveis fósseis.

O cofundador da KKR & Co. Henry Kravis disse recentemente que ativistas climáticos que “gostariam de apertar um botão e não ter hidrocarbonetos” simplesmente “não entendem os fatos”.

O CEO do Barclays, CS Venkatakrishnan, defendeu um ponto de vista semelhante, ao argumentar que o mundo “não pode abandonar” o petróleo e o gás.

No JPMorgan Chase, o CEO Jamie Dimon disse que é “errado” e “enormemente ingênuo” esperar que projetos de combustíveis fósseis sejam abandonados, enquanto o CEO do Goldman Sachs, David Solomon, deixou claro que o petróleo e o gás ainda são um setor “extremamente importante” para seu banco.

Enquanto isso, muitas das mesmas empresas de Wall Street decidiram sair de alianças climáticas.

A mudança coincide com um debate político cada vez mais tenso.

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Republicanos nos EUA ameaçam processar empresas que estariam priorizando políticas climáticas em detrimento da busca pelos lucros. A situação enfurece ativistas climáticos, cuja resposta foi tentar abalar Wall Street por meio de protestos em grande escala.

“O que descobrimos é que, para a maioria dos setores, os bancos, em média, não alinharam seus esforços de redução de emissões de portfólio com as trajetórias de 1,5°C e não esperam fazê-lo até 2030″, escreveram Lee e Carter.

“Em outras palavras, os bancos nem mesmo planejam reduzir suas emissões tanto quanto necessário — para não falar de implementação ou acompanhamento real”.

O WRI, que examina declarações de finanças sustentáveis desde 2019, disse que exemplos que não atingiram metas incluem o setor automotivo, para o qual as emissões relatadas foram, em média, 28% mais altas do que deveriam ter sido em 2022 para se alinhar com a meta de limitar o aquecimento global a 1,5°C.

Também tem sido mais difícil corrigir o curso: as emissões de portfólio divulgadas devem atingir o triplo do benchmark até 2030, de acordo com os dados do WRI.

O estudo também apontou que a maioria dos bancos analisados ainda não inclui itens como finanças corporativas ou serviços de consultoria em suas metas de carvão, ou define limites para restrições considerados altos demais para ter um impacto significativo.

“Por parte dos bancos, é inconsistente pedir políticas públicas favoráveis ao clima ao mesmo tempo em que apoia associações comerciais que se opõem a elas”, escreveram.

“Esse tem sido o caso de alguns bancos, particularmente nos EUA.”

Embora haja evidências de que os bancos começaram a revisar o alinhamento de suas associações com o chamdo “zero líquido, “é necessário mais trabalho para garantir o alinhamento total”, afirmaram.

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