Startups cripto levantam US$ 2,7 bi em investimentos no segundo trimestre

Segundo dados da PitchBook, o investimento de capital de risco em startups do setor subiu 2,5% em relação aos primeiros três meses do ano; número de deals, no entanto, caiu

Por

Bloomberg — Startups do setor de criptoativos levantaram mais dinheiro, mas fecharam menos aportes no último trimestre, refletindo a desaceleração no mercado de ativos digitais.

O investimento de capital de risco em empresas de criptoativos totalizou US$ 2,7 bilhões nos três meses encerrados em junho, um aumento de 2,5% em relação ao primeiro trimestre e uma queda de 9,8% em relação ao mesmo período do ano anterior, mostram dados da PitchBook. O número de deals fechados caiu 12,5% em relação ao primeiro trimestre.

No geral, o mercado de criptomoedas enfrentou um período mais desafiador após os preços atingirem máximas históricas no primeiro trimestre, em meio à euforia com a introdução de fundos de índice (ETFs) nos Estados Unidos autorizados pela primeira vez a investir em bitcoin (BTC).

Os fluxos de investidores para os ETFs desaceleraram para US$ 2,8 bilhões no segundo trimestre, uma queda de 80% em relação aos US$ 13,7 bilhões nos três meses anteriores, com base nas estimativas da Bloomberg.

“Embora ainda esteja muito abaixo das máximas de 2021 e início de 2022, o investimento de venture capital em cripto atingiu uma espécie de febre em março e abril”, disse Rob Hadick, managing partner do fundo de venture cripto Dragonfly. “Os investimentos em late stage continuaram fracos e, à medida que o mercado virou no final de abril e em maio, o mercado de capital de risco desacelerou novamente.”

Leia mais: Texas sofre desafio imobiliário e de energia diante de boom de data centers para IA

O bitcoin, referência do mercado de criptomoedas, caiu 13% no segundo trimestre e mostra estabilidade neste trimestre.

Foi o terceiro aumento trimestral consecutivo no valor total dos investimentos.

A recuperação neste ano dos preços dos tokens e a contínua adoção institucional de ativos digitais sugerem que a captação de fundos crescerá, escreveu Robert Le, analista sênior da PitchBook, em relatório nesta segunda-feira (12).

O aumento dos valuations de projetos no segundo trimestre ocorreu “quando os fundadores tentaram capturar o mercado secundário mais otimista”, disse Jason Kam, fundador da empresa de venture cripto Folius Ventures.

O investimento continuou focado em projetos de infraestrutura, como novas blockchains, enquanto capitalistas de risco permaneceram cautelosos em relação a aplicativos voltados para o consumidor.

Shuyao Kong, cofundador da startup de blockchain MegaETH, levantou US$ 20 milhões em uma rodada de financiamento inicial em junho, dizendo que a captação de fundos ocorreu com o mercado ainda “faminto” por blockchains de alto desempenho.

A única grande rodada de financiamento fechada no trimestre passado para um aplicativo cripto foi para a plataforma de redes sociais Farcaster, que captou US$ 150 milhões em maio.

Investidores de venture capital disseram que há uma crescente fadiga no investimento em infraestrutura, e mais VCs buscam oportunidades em aplicativos, o que também contribuiu para a desaceleração no segundo trimestre.

“É um reequilíbrio de investimentos privados saindo de infraestrutura para aplicativos”, disse Tarun Chitra, sócio da Robot Ventures. “As pessoas buscam aplicativos e há poucos deles que são passíveis de investimento no mercado privado no momento.”

Ao mesmo tempo, as atividades de saída — o processo pelo qual investidores realizam retornos sobre seus investimentos ao vender participações em uma empresa — aumentaram para o maior nível desde o primeiro trimestre de 2022.

Foram registradas 26 saídas no segundo trimestre, incluindo a aquisição da Bitstamp pela Robinhood Markets. A PitchBook espera que as atividades de saída possam se estender pelo resto do ano.

“Esperamos mais consolidação entre exchanges de criptomoedas, custodiantes e provedores de infraestrutura à medida que o mercado amadurece e pequenos players buscam saídas estratégicas”, segundo o relatório da PitchBook.

Veja mais em Bloomberg.com

Leia também

Bradesco contrata sócio da Ace para tesouraria e mira mercado secundário de crédito

De tarifas menores a conta global: a estratégia do C6 para avançar no segmento PJ