Razões para a queda do preço do bitcoin em fevereiro: o que dizem os especialistas

Criptomoeda mais popular do mundo e a de maior valor de mercado caiu para US$ 84.700 a um dia do fim do mês, depois de ter superado a marca de US$ 104.000 em janeiro

Bitcoin
27 de Fevereiro, 2025 | 03:56 PM

Bloomberg Línea — O bitcoin, a criptomoeda mais negociada do mundo, sofreu uma queda da ordem de 15% em valor em fevereiro. Após ter encerrado janeiro acima de US$ 104.000, estava sendo negociado em torno de US$ 84.700 por volta das 15h30 nesta quinta-feira (27), a um dia do fim do mês.

Especialistas de mercado consultados pela Bloomberg Línea disseram que essas correções são normais em um mercado tão volátil como o de criptomoedas; o bitcoin começou o ano de 2024 em US$ 42.500 e terminou dezembro próximo de US$ 94.000.

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“Nos últimos dias, estamos vendo o bitcoin sofrer muita correção, algo que é normal em um mercado tão volátil”, disse Federico Ogue, CEO da exchange Buenbit. Ele destacou que vários fatores influenciaram essa queda, incluindo:

  • A ameaça de reintrodução de tarifas comerciais por Donald Trump, que gerou incerteza nos mercados globais e afetou também o setor de criptomoedas.
  • Além disso, houve eventos internos no ecossistema, como o hack de uma das maiores exchanges (Bybit) do mercado, no qual foi roubado mais de US$ 1,5 bilhão em Ethereum. “Esses incidentes costumam gerar nervosismo entre investidores”, acrescentou Ogue.
  • Também foi observada uma saída significativa de capital dos fundos negociados em bolsa (ETFs) de bitcoin, sugerindo que alguns investidores institucionais estão realizando lucros após a valorização acentuada dos últimos meses.
  • Por fim, Ogue apontou que ativos tradicionais, como o ouro, estão voltando a ser atraentes diante do cenário de incerteza econômica, levando muitos investidores a preferir ativos de menor volatilidade. Além disso, as liquidações - sell-off - no mercado cripto tornam as correções ainda mais acentuadas.

Impacto das decisões do Fed

Ignacio Giménez, diretor de Negócios na plataforma de exchange cripto Lemon, concordou com vários dos fatores mencionados e acrescentou: “O Federal Reserve dos Estados Unidos (Fed) mantém as taxas entre 4,25% e 4,50%, adiando cortes e reduzindo a liquidez nos mercados.”

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Por sua vez, Julián Colombo, diretor-geral da Bitso Argentina, apresentou outra possível explicação: “Sem dúvida, o mercado cripto é volátil e estava muito alavancado, ou seja, havia muitas pessoas que tomaram grandes empréstimos para apostar em criptomoedas. Às vezes, o próprio mercado se autorregula, liquidando essas posições.”

Otimismo no longo prazo

“Embora essa queda marque um dos níveis mais baixos do ano, o bitcoin mantém uma tendência de alta no longo prazo, com uma valorização de 122% em 2024. Isso sugere que essa correção pode fazer parte do seu ciclo natural de mercado”, destacou Giménez, da Lemon.

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Colombo, da Bitso Argentina, também reforçou essa visão: “Estamos convencidos de que, a médio e longo prazo, o bitcoin sempre terá uma tendência de alta. O investidor precisa estar disposto a enfrentar essa volatilidade no curto prazo”.

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