Bloomberg — Abu Dhabi está se tornando um destino popular para empresas de criptomoedas em busca de investidores interessados e reguladores mais amigáveis, em um momento em que grandes mercados como os Estados Unidos deixam de ter ambos os atrativos.
Empresas como Copper Technologies, Paxos Trust e Toro Group voltaram sua atenção para Abu Dhabi como um destino para expansão global nas últimas semanas, obtendo licenças ou estabelecendo partes de seus negócios de criptomoedas na zona econômica internacional do emirado, conhecida como Abu Dhabi Global Market.
As ações da Phoenix Group, uma empresa de hardware de mineração de criptomoedas, subiram 47% desde sua estreia nos mercados públicos em Abu Dhabi em 5 de dezembro.
Executivos citam uma crescente rede de parceiros e desenvolvimento de políticas governamentais como vantagens para estabelecerem-se na cidade, além de investidores com recursos substanciais. Enquanto Dubai se tornou uma escolha popular ao estabelecer uma entidade reguladora específica para criptomoedas chamada Virtual Assets Regulatory Authority (VARA) em março do ano passado, autoridades em Abu Dhabi têm feito esforços para chamar a atenção da jovem indústria, afirmaram executivos.
“A aceitação geral de que os mercados financeiros baseados em blockchain são o futuro de Abu Dhabi é muito alta”, disse Dmitry Tokarev, CEO da Copper, em uma entrevista. Tokarev acrescentou que a Autoridade Reguladora de Serviços Financeiros da ADGM, o regulador financeiro da zona, listou o suporte à inovação em ativos digitais como parte do plano de negócios para 2024.
Para algumas empresas de criptomoedas, a longevidade do regulador financeiro de Abu Dhabi, que completou 10 anos este ano, também é uma qualidade atrativa. O regulador é mais respeitado globalmente por clientes financeiros tradicionais do que a VARA de Dubai, de acordo com Walter Hessert, chefe de estratégia da Paxos Trust Co.
Clientes preferem o histórico que vem com um regulador financeiro onde as criptomoedas são uma atribuição adicional, ele disse, em comparação com um que se concentra exclusivamente na classe de ativos.
Embora Abu Dhabi tenha conquistado recentemente várias grandes empresas, a VARA de Dubai ainda tem muito mais empresas registradas em seu ecossistema. A Binance Holdings Ltd., que obteve uma licença operacional da VARA em julho, ainda não recebeu aprovação completa de um regulador na região, pois busca um local para estabelecer sua sede global. A empresa retirou um pedido de licença para gerenciar um fundo de investimento coletivo em Abu Dhabi em novembro. O novo CEO da empresa, Richard Teng, era anteriormente o CEO da FSRA de Abu Dhabi.
O maior exchange de criptomoedas do mundo concordou em pagar US$ 4,3 bilhões em penalidades em um acordo com autoridades dos EUA no mês passado, marcando o mais recente e significativo passo do país até o momento para reprimir o setor de ativos digitais. Ambos Abu Dhabi e Dubai intensificaram suas próprias ações de fiscalização contra empresas de criptomoedas nos últimos meses, desejando parecer rigorosos aos olhos de outros reguladores globais e serem removidos da chamada “lista cinza” do Grupo de Ação Financeira Internacional (FATF).
Ainda um pequeno centro
Certamente, a presença dos Emirados Árabes Unidos na indústria de criptomoedas ainda é pequena em comparação com os locais tradicionais. Empresas baseadas nos Emirados Árabes Unidos arrecadaram US$ 462,3 milhões de firmas de capital de risco até o final de setembro deste ano, de acordo com dados da PitchBook. Isso se compara a US$ 704,5 milhões no Reino Unido e US$ 2,8 bilhões nos EUA.
Algumas empresas estão planejando obter o melhor dos dois mundos. Uma licença em Dubai permite que as empresas prestem serviços aos clientes dos Emirados Árabes Unidos localmente, enquanto a aprovação da ADGM é mais adequada para aquelas que buscam atender clientes no exterior.
A Laser Digital, subsidiária de criptomoedas da Nomura Holdings, protocolou sua solicitação de uma licença completa da FSRA da ADGM no início deste ano, uma permissão que manteria junto com sua autorização existente da VARA. A empresa espera receber aprovação formal nas próximas semanas, permitindo que ofereça versões tokenizadas de ativos digitais. “Temos que aproveitar ambos os lados”, disse Jez Mohideen, CEO da Laser Digital.
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