Traders precificam Selic a 11,50% em dezembro com ritmo acelerado de cortes

Mercado atribui cerca de 40% de chance de uma aceleração da dose de redução da taxa básica para 0,75 ponto percentual na reunião de setembro

Copom sinalizou novos cortes da Selic pela frente
Por Felipe Saturnino
07 de Agosto, 2023 | 08:37 AM

Bloomberg — O mercado já enxerga chances de o Banco Central acelerar a intensidade dos cortes da Selic nas próximas reuniões, apesar dos sinais da autoridade monetária de manutenção do ritmo em 0,50 ponto percentual.

Os juros dos contratos futuros de depósitos interfinanceiros negociados na B3 indicam uma precificação de 60 pontos básicos de corte para a reunião do Copom de setembro. Isso implica que o mercado atribui cerca de 40% de chance de uma aceleração da dose de redução da Selic para 0,75 ponto percentual.

No acumulado até o fim do ano, a curva embute, para as próximas três reuniões, 1,80pp de redução da taxa básica, que terminaria o ano na casa de 11,50%.

As apostas dos operadores vão de encontro à sinalização dada pelo BC. No comunicado da decisão em que cortou a Selic pela primeira vez desde agosto de 2020, os diretores projetaram de forma unânime uma “redução de mesma magnitude nas próximas reuniões”.

PUBLICIDADE

Eles avaliam que o ritmo de corte de 0,50pp é “apropriado para manter a política monetária contracionista necessária para o processo desinflacionário”.

Inflação e ata do Copom

Entre os analistas, a inflação será determinante para os próximos passos. O Standard Chartered projeta que o BC terá condições de diminuir o juro básico em 0,75pp somente na última reunião do ano, em dezembro.

“A melhora gradual no núcleo da inflação e nas expectativas de inflação de longo prazo, juntamente com uma notável desaceleração do crescimento, à medida que o impulso da agricultura diminui, deve abrir as portas para acelerar o ritmo de flexibilização em dezembro”, escreveu Dan Pan, economista para Américas do banco, em relatório.

“Uma consolidação mais significativa da tendência de queda do núcleo da inflação e a retomada das expectativas de inflação de longo prazo podem levar o BC a antecipar os maiores cortes de juros para novembro”, pondera Pan. O banco atualmente prevê uma Selic terminal de 8%.

A ata da última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), na terça-feira (8), e o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), na sexta-feira (11), devem influenciar as apostas.

O mercado “vai testar o 0,75pp, principalmente com uma dinâmica benigna de inflação no curto prazo”, diz Rafael Ihara, economista-chefe da Meraki Capital. “Acho que a ata tende a ser um pouco mais hawkish para tentar tirar essa empolgação”, completa.

No relatório Focus, do BC, divulgado nesta segunda-feira (7), as apostas para a taxa básica foram reduzidas de 12,00% para 11,75% ao fim de 2023. Para 2024, os economistas também veem uma Selic menor, com revisão para baixo de 9,25% para 9,00% ao ano.

PUBLICIDADE

-- Com informações da Bloomberg Línea

-- Com a colaboração de Josue Leonel.

Veja mais em bloomberg.com

Leia também:

Queda do dólar: o que sustenta a tendência no Brasil, no México e na Colômbia

Onde investir no 2º semestre? Especialistas veem oportunidades com juro em queda