Bloomberg — Pela primeira vez sede do G20, grupo que reúne as maiores economias globais e o equivalente a 80% do PIB do planeta, o Brasil recepcionará os chefes de estado e de governo em novembro de 2024, no Rio de Janeiro.
Os ministros de finanças do grupo, no entanto, terão de trocar a cidade maravilhosa pela selva de concreto de São Paulo, onde ocorrerão em fevereiro as negociações voltadas à economia — e que moldarão o caminho da presidência brasileira do G20, de acordo com autoridades familiarizadas com os planos, que pediram anonimato por discutirem assuntos internos.
Embora o Rio tenha sido inicialmente considerado para sediar a cúpula financeira, a escolha final de São Paulo foi feita pelo Ministério da Fazenda, acrescentaram.
O centro financeiro da América do Sul acaba sendo um lugar natural para uma cúpula econômica. É o lar da maior bolsa de valores da região, de um grupo de grandes bancos e corporações multinacionais, e da Faria Lima – a resposta do Brasil a Wall Street. Além disso, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, atuou como prefeito da cidade de 2013 a 2017.
A escolha também dará ao governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que assumiu a presidência rotativa do G20 depois da cúpula da Índia em setembro, a oportunidade de exibir a maior cidade do país, que, apesar do seu poder econômico, é muitas vezes ofuscada pelas paisagens mais famosas da vizinha.
Com mais de 12 milhões de habitantes, São Paulo é conhecida pelo trânsito intenso que estimula os abastados a se locomoverem de helicóptero para ganhar tempo e reduzir o estresse do dia-a-dia. Mas a cidade acabou por oferecer um alívio logístico aos organizadores da cúpula financeira, de acordo com um membro da equipe econômica a par do planejamento que falou à Bloomberg News.
Milhões de turistas chegam ao Rio todo mês de fevereiro para o feriado de Carnaval, que dura oficialmente apenas quatro dias, mas atrai visitantes e promove comemorações durante todo o mês.
Mesmo assim, os ministros das Relações Exteriores do G20 se reunirão na cidade nos dias 21 e 22 de fevereiro, apenas uma semana após o encerramento formal do Carnaval. Os desfiles tornariam mais difícil a movimentação das grandes delegações financeiras pela cidade, disse uma das pessoas.
O Rio de Janeiro, que sediou a final da Copa do Mundo de 2014 e a primeira Olimpíada realizada na América do Sul dois anos depois, dominará o calendário do G20: o prefeito Eduardo Paes está ajudando o Ministério das Relações Exteriores a coordenar eventos, incluindo a reunião de chefes de estado em novembro, que provavelmente acontecerá no Museu de Arte Moderna, um ícone da arquitetura modernista brasileira construído na década de 1950.
Mas o governo quer espalhar outros eventos por todo o país, replicando a estratégia do primeiro-ministro indiano Narendra Modi, que realizou 200 reuniões, pelo menos uma em cada um dos estados e territórios administrados pelo governo federal.
O Brasil planeja fazer cerca de 100 reuniões e eventos relacionados diretamente à cúpula, disseram pessoas familiarizadas. O país iniciará formalmente sua presidência do G20 em uma reunião em Brasília no dia 1º de dezembro.
O governo também contempla uma reunião focada nas mudanças climáticas em um dos estados amazônicos, de acordo com duas pessoas do Ministério das Relações Exteriores que estão organizando os eventos.
Isso ofereceria uma prévia da COP30, a reunião climática das Nações Unidas, que ocorrerá na cidade de Belém, em 2025.
O Ministério da Fazenda escolheu o Pavilhão da Bienal de São Paulo, no Parque do Ibirapuera, para sediar as reuniões de finanças, disse o membro da equipe econômica. A ideia é espalhar obras de arte brasileiras pelo local.
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