Bloomberg — O petróleo ultrapassou a soja como a principal exportação do Brasil, uma marca inédita que ressalta o status do país anfitrião da COP30 como campeão dos combustíveis fósseis.
O valor das exportações brasileiras de petróleo bruto aumentou 5% e chegou a US$ 44,8 bilhões em 2024, a primeira vez que o petróleo superou todas as outras vendas externas, de acordo com dados do Ministério do Comércio divulgados nesta segunda-feira (6). O volume de remessas de petróleo aumentou 10%.
A queda dos preços da soja e uma queda nos volumes de vendas ajudaram a ascensão do petróleo ao topo, segundo José Augusto de Castro, presidente executivo da Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB).
Embora a soja tenha ficado atrás do petróleo bruto e do minério de ferro, Castro espera que a oleaginosa recupere o primeiro lugar este ano, com exportações de US$ 49,5 bilhões.
“Com a recuperação da safra agrícola, é possível que a soja volte a ser o principal produto de exportação”, disse Herlon Brandão, diretor de estatísticas do Ministério do Comércio, durante uma coletiva de imprensa.
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O Brasil foi o oitavo maior fornecedor de petróleo bruto do mundo em 2023, impulsionado pela Petrobras (PETR3; PETR4). A produção total dos poços brasileiros foi, em média, de cerca de 3,4 milhões de barris por dia no ano passado, de acordo com Instituto Brasileiro de Petróleo e Gás (IBP).
Desde 2016, o comércio exterior do setor petrolífero brasileiro tem apresentado saldo líquido positivo. A participação do petróleo enviado para fora do país tem crescido progressivamente desde então, representando quase 50% do fornecimento total até novembro, de acordo com a StoneX.
O IBP prevê que as exportações diárias de petróleo bruto cheguem a 2,5 milhões de barris até 2027, com a expansão da produção e a crescente demanda externa por petróleo brasileiro devido à sua pegada de carbono relativamente baixa. O petróleo bruto dos campos de Tupi e Búzios, por exemplo, tem menos da metade da intensidade de carbono da média global.
“As refinarias europeias buscarão petróleo que emita o mínimo possível de CO2″, disse o presidente do IBP, Roberto Ardenghy, em uma recente coletiva de imprensa. “Vemos um aumento na competitividade do produto brasileiro.”
O Brasil busca aprimorar as credenciais ambientais enquanto se prepara para sediar a Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas, conhecida como COP30, em novembro.
O evento está programado para ocorrer em Belém, enquanto o presidente Luiz Inácio Lula da Silva procura levar adiante uma ambiciosa agenda verde e, ao mesmo tempo, buscar o desenvolvimento econômico.
Um impasse sobre uma licença de perfuração para a Petrobras explorar uma bacia potencialmente rica em petróleo na costa norte do país ilustra o conflito interno sobre combustíveis fósseis no governo Lula.
A ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, se opõe ao projeto, enquanto a chefe da Petrobras escolhida pelo presidente, Magda Chambriard, adverte que, sem novas explorações, o país corre o risco de voltar ao status de importador de petróleo após 2030.
-- Com a colaboração de Giovanna Serafim.
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