Petróleo se torna a principal exportação do Brasil e desafia agenda ambiental de Lula

Pela primeira vez, o valor das vendas de petróleo ao exterior superou o dos demais produtos, incluindo soja e minério de ferro, às vésperas da organização da COP30 em Belém em novembro

Oil storage tanks stand at the Petroleo Brasileiro SA (Petrobras) Angra dos Reis fuel terminal in this aerial photograph taken above Angra dos Reis, Brazil, on Thursday, April 23, 2020. The state-owned company has cut their diesel and gasoline prices, along with their oil production, as chronic oversupply overwhelms the world crude tanks, pipelines and supertankers. Photographer: Dado Galdieri/Bloomberg
Por Mariana Durao - Beatriz Amat
06 de Janeiro, 2025 | 05:36 PM

Bloomberg — O petróleo ultrapassou a soja como a principal exportação do Brasil, uma marca inédita que ressalta o status do país anfitrião da COP30 como campeão dos combustíveis fósseis.

O valor das exportações brasileiras de petróleo bruto aumentou 5% e chegou a US$ 44,8 bilhões em 2024, a primeira vez que o petróleo superou todas as outras vendas externas, de acordo com dados do Ministério do Comércio divulgados nesta segunda-feira (6). O volume de remessas de petróleo aumentou 10%.

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A queda dos preços da soja e uma queda nos volumes de vendas ajudaram a ascensão do petróleo ao topo, segundo José Augusto de Castro, presidente executivo da Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB).

Embora a soja tenha ficado atrás do petróleo bruto e do minério de ferro, Castro espera que a oleaginosa recupere o primeiro lugar este ano, com exportações de US$ 49,5 bilhões.

“Com a recuperação da safra agrícola, é possível que a soja volte a ser o principal produto de exportação”, disse Herlon Brandão, diretor de estatísticas do Ministério do Comércio, durante uma coletiva de imprensa.

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Leia também: Biden proibirá novas perfurações de petróleo em vasta extensão da costa dos EUA

O Brasil foi o oitavo maior fornecedor de petróleo bruto do mundo em 2023, impulsionado pela Petrobras (PETR3; PETR4). A produção total dos poços brasileiros foi, em média, de cerca de 3,4 milhões de barris por dia no ano passado, de acordo com Instituto Brasileiro de Petróleo e Gás (IBP).

Desde 2016, o comércio exterior do setor petrolífero brasileiro tem apresentado saldo líquido positivo. A participação do petróleo enviado para fora do país tem crescido progressivamente desde então, representando quase 50% do fornecimento total até novembro, de acordo com a StoneX.

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O IBP prevê que as exportações diárias de petróleo bruto cheguem a 2,5 milhões de barris até 2027, com a expansão da produção e a crescente demanda externa por petróleo brasileiro devido à sua pegada de carbono relativamente baixa. O petróleo bruto dos campos de Tupi e Búzios, por exemplo, tem menos da metade da intensidade de carbono da média global.

“As refinarias europeias buscarão petróleo que emita o mínimo possível de CO2″, disse o presidente do IBP, Roberto Ardenghy, em uma recente coletiva de imprensa. “Vemos um aumento na competitividade do produto brasileiro.”

O Brasil busca aprimorar as credenciais ambientais enquanto se prepara para sediar a Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas, conhecida como COP30, em novembro.

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O evento está programado para ocorrer em Belém, enquanto o presidente Luiz Inácio Lula da Silva procura levar adiante uma ambiciosa agenda verde e, ao mesmo tempo, buscar o desenvolvimento econômico.

Um impasse sobre uma licença de perfuração para a Petrobras explorar uma bacia potencialmente rica em petróleo na costa norte do país ilustra o conflito interno sobre combustíveis fósseis no governo Lula.

A ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, se opõe ao projeto, enquanto a chefe da Petrobras escolhida pelo presidente, Magda Chambriard, adverte que, sem novas explorações, o país corre o risco de voltar ao status de importador de petróleo após 2030.

-- Com a colaboração de Giovanna Serafim.

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