Bloomberg — A chinesa BYD, líder em vendas de carros elétricos no Brasil e no mundo, rompeu os laços com uma empresa de construção depois que as autoridades brasileiras chegaram a interditar as instalações das obras de uma nova fábrica de veículos elétricos em que os trabalhadores foram encontrados em situação análoga à escravidão.
As autoridades brasileiras disseram na segunda-feira (23) que resgataram 163 trabalhadores chineses que construíam uma nova fábrica de veículos elétricos para a BYD na Bahia e ordenaram a suspensão da obra, de acordo com uma declaração do Ministério Público do Trabalho (MPT).
A gigante chinesa de veículos elétricos encerrou os laços com a Jinjiang Construction Brazil e se comprometeu a proteger os direitos dos trabalhadores subcontratados, disse a empresa em um comunicado na segunda-feira. Todos os trabalhadores serão transferidos para hotéis, disse a empresa.
Segundo a BYD, as obras seguem em andamento.
"A BYD Auto do Brasil reitera seu compromisso com o cumprimento integral da legislação brasileira, especialmente no que diz respeito à proteção dos direitos dos trabalhadores e da dignidade humana", disse Alexandre Baldy, vice-presidente sênior da BYD Brasil.
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Os promotores disseram que os trabalhadores estavam vivendo em condições análogas à escravidão e também tiveram seus passaportes e grande parte de seus salários retidos pela empresa de construção.
Entre uma série de descumprimentos da leis brasileiras, o relatório constatou que, se um trabalhador se demitisse após seis meses, ele sairia sem qualquer pagamento, uma vez que a empresa deduzia a passagem aérea de ida e volta para o Brasil, entre outros custos.
Uma vítima sofreu um acidente de trabalho, que ocorreu depois de ter trabalhado por 25 dias seguidos, segundo os relatos do MInistério Público.
Um dos alojamentos tinha camas sem colchões e apenas um banheiro para cada 31 trabalhadores, o que os obrigava a acordar às 4h da manhã todos os dias para estarem prontos para sair para o trabalho às 5h30, segundo o relatório.
As autoridades fecharam os locais de acomodação até que os órgãos reguladores os considerem adequados aos padrões.
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A BYD disse que realizou uma “revisão detalhada” nas últimas semanas das condições de trabalho e de vida dos funcionários subcontratados e que pediu em “várias ocasiões” que a empresa de construção fizesse melhorias.
A nova fábrica brasileira de veículos elétricos deve entrar em operação no próximo ano, em 2025. A maior economia da América do Sul se tornou um dos principais mercados para os veículos elétricos e híbridos plug-in da BYD. A empresa com sede em Shenzhen, na China, vendeu mais de 66 mil unidades no país neste ano até novembro.
- Com a colaboração de Filipe Pacheco.
- Matéria atualizada às 14h25 com a informação da BYD de que as obras para a construção da fábrica estão em andamento.
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