Bloomberg — O presidente Luiz Inácio Lula da Silva vai indicar o professor de economia Paulo Picchetti e o servidor público de carreira Rodrigo Teixeira para cargos no Banco Central que compõem o Comitê de Política Monetária (Copom), anunciou o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, nesta segunda-feira (30).
As escolhas preencherão vagas que serão abertas no final de dezembro, quando vencerem os mandatos de dois diretores atuais, e aproximará Lula de uma maioria de votos no conselho da autoridade monetária.
As nomeações ajudarão a expandir a influência de Lula sobre o Banco Central, que ele criticou fortemente por sua política monetária rígida antes de os formuladores de políticas iniciarem um ciclo de flexibilização em agosto.
Após elevar a taxa de referência Selic para 13,75%, o patamar mais alto em seis anos, na tentativa de controlar o aumento de preços pós-pandemia, os formuladores de políticas liderados pelo presidente do banco, Roberto Campos Neto, reduziram a taxa para 12,75% com dois cortes de meio ponto percentual. É amplamente esperado que continuem a reduzir a taxa na reunião de decisão desta semana.
As escolhas substituirão dois diretores atuais considerados os mais “hawkish” (favoráveis a um aperto monetário). Se forem aprovados pelo Senado, os nomeados por Lula ocuparão quatro dos nove assentos do Copom, depois que os legisladores aprovaram em julho os dois primeiros primeiros indicados por Lula: Gabriel Galipolo (ex-número dois no Ministério da Fazenda de Haddad) e o servidor público de carreira Ailton Aquino.
Investidores e analistas têm monitorado de perto a abordagem de Lula em relação ao conselho, observando sinais de como a mudança em sua composição afetará tanto a política monetária quanto a autonomia recém-conquistada do banco, que foi formalmente consagrada na lei em 2021.
Picchetti estudou na Universidade de São Paulo (USP) na mesma época que Haddad, enquanto Teixeira trabalhou no governo de São Paulo quando Haddad era prefeito.
Eles sucederão Fernanda Guardado e Maurício Moura no conselho do banco. Guardado é considerada uma das diretoras mais favoráveis a um aperto monetário, já que votou a favor de um aumento residual na taxa de juros que teria elevado os custos de empréstimos para 14% no ano passado.
Ela também estava entre a minoria que defendia um corte inicial menor na taxa durante o ciclo de flexibilização deste ano.
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