Mercado reduz aposta em alta da Selic com anúncio de corte de gastos

Anúncio de corte de R$ 25,9 bilhões em despesas obrigatórias foi bem recebido pelos investidores, o que contribuiu para a redução da alta precificada nos contratos para o fim do ano

Key Speakers At The Bloomberg Transition Finance Action Forum
Por Josue Leonel
04 de Julho, 2024 | 12:41 PM

Bloomberg — O anúncio de corte de gastos feito pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad, traz alívio para as apostas de alta da Selic embutida nos preços de mercado.

Essa precificação chegou a mais de 1 ponto percentual de elevação para até o final do ano na segunda-feira (1), no momento de maior estresse do mercado, com o dólar em forte alta.

PUBLICIDADE

No dia seguinte, o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, afirmou que as apostas de aumento dos juros não estava em sincronia com a realidade.

Leia também: Basileia de dados: Gustavo Franco prevê convenção global para economia digital

Agora, a aposta recua para 0,75 pp na manhã desta quinta-feira (4), como reflexo do aval do presidente Luiz Inácio Lula da Silva ao corte de gastos de R$ 25,9 bilhões, que foi bem recebido pelos investidores. O dólar cai mais de 1%, para abaixo de R$ 5,50, em continuidade ao movimento de melhora iniciado ontem.

PUBLICIDADE

“Enquanto o otimismo pode ser até certo ponto contido em relação à implementação e efetividade, ao menos as conversas agora estão em um caminho muito mais construtivo”, diz Emy Shayo, chefe de estratégia para ações para América Latina do JPMorgan (JPM).

Gráfico: Alívio no mercado com corte de gastos

As críticas recentes de Lula a Campos Neto e os temores fiscais foram os motivos que levaram os investidores a precificarem alta da Selic neste ano – apesar de a autoridade monetária já ter afirmado que uma elevação da taxa, atualmente em 10,50%, não é cenário-base.

Para Marcelo Matsmoto, diretor de tesouraria do Banco Mizuho, a precificação da Selic vinha sendo afetada pelo câmbio e uma queda significativa do dólar tende a reduzir as apostas em alta, mas os ativos brasileiros não devem ter um rali prolongado.

PUBLICIDADE

“Existe a necessidade de medidas mais estruturais para que a incerteza seja removida de forma mais sustentável.”

Veja mais em bloomberg.com