Menor aumento de gastos públicos já abriria espaço para queda do juro, vê Mastercard

Braço de pesquisa econômica da gigante de pagamentos espera expansão mais lenta da atividade em 2025; resolver a política fiscal ‘é essencial para a estabilização’, diz Gustavo Arruda, diretor para LatAm

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Bloomberg Línea — A economia brasileira deve desacelerar em 2025 após um período de maior aquecimento que caracterizou os últimos anos. A avaliação é do Instituto Econômico da Mastercard (MEI), que projeta um crescimento real de 2% para o Produto Interno Bruto (PIB) em 2025.

Nessa projeção, o ritmo de expansão ficaria abaixo da tendência recente: desde 2022, o crescimento da atividade superou as expectativas ano após ano, avançando em torno de 3% ao ano.

É um crescimento que trouxe desafios para a inflação, segundo relatório do MEI publicado em dezembro. O aquecimento da economia deixa o mercado de trabalho apertado e pressupõe um uso intenso da capacidade produtiva disponível, o que eleva a demanda e pressiona os preços.

O Instituto Econômico da Mastercard projeta que a inflação no país em 2025 fique em 4,3%, acima da meta de 3% do Banco Central e próximo ao teto do limite de tolerância, de 4,5%.

Para completar o quadro, a Mastercard avalia que a política fiscal tem sido “excessivamente utilizada”, exigindo ajustes.

“No Brasil, a política fiscal segue super expansiva. [Resolver esse ponto] é essencial para a estabilização da economia”, disse Gustavo Arruda, diretor de economia para América Latina do Instituto.

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O quadro fiscal foi o grande tema do mercado no segundo semestre de 2024 e deve continuar no foco neste ano – mesmo após a aprovação do pacote no Congresso que limita o crescimento das despesas.

O projeto foi desidratado no Congresso, levando o governo a recalcular a economia gerada pelas medidas para R$ 69,8 bilhões nos próximos dois anos, ante uma projeção inicial de R$ 71,9 bilhões.

Economistas do setor privado têm previsões mais conservadoras sobre o impacto do pacote. O Santander Brasil estima uma economia de cerca de R$ 50 bilhões, e a XP, de R$ 44 bilhões – quase R$ 28 bilhões menos do que a expectativa inicial.

Diante deste cenário, o Instituto Econômico da Mastercard espera que o Banco Central continue a aumentar a taxa básica de juros até 14% ao ano. As elevações devem durar até maio de 2025, com riscos de mais aumentos “se necessário”, segundo Arruda.

Ritmo menor de aumento de gastos

“Uma das possibilidades é que o governo amenize o ritmo de aumento de gastos. Não estamos nem falando em cortes. Se implementarem [essa estratégia] rapidamente, poderíamos ver as taxas caindo em dezembro de 2025”, afirmou o diretor de economia para América Latina.

Assumindo uma desaceleração na política fiscal, poderia haver espaço para a Selic retornar a 13% ao ano até o quarto trimestre de 2025.

Enquanto a incerteza persiste, a conjuntura macroeconômica tende a deixar os consumidores brasileiros mais cautelosos. Para 2025, o Instituto Econômico da Mastercard prevê uma desaceleração do consumo privado, refletindo crédito mais caro e menor apoio de transferências de renda.

Os consumidores devem absorver o impacto dos juros mais elevados nos próximos trimestres, o que deverá diminuir a demanda por bens duráveis e serviços não essenciais.

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América Latina dividida

Os países da América Latina devem seguir caminhos divergentes para 2025.

A situação do México se aproxima mais à do Brasil, com tendência de desaceleração do PIB. “Por lá, já estamos vendo um cenário de corte de juros, mas em um ritmo ameno. É preciso um rebalanceamento da economia.”

Por outro lado, Colômbia e Chile devem se beneficiar de um cenário de cortes nos juros que pode acelerar o crescimento para 2025.

Já a Argentina vive situação à parte. “É um país que está em um ponto de virada: passou por reformas micro e macro muito profundas. Ainda não está no seu melhor estágio, mas a mensagem para 2025 é que pode haver um benefício, partindo desse ponto de partida mais baixo e aliado a um horizonte positivo.”

– Com informações da Bloomberg News.

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