Bloomberg — As taxas de juros do Brasil estão muito altas e a responsabilidade pelos crescentes problemas fiscais recai sobre os formuladores de política monetária do Banco Central, disse o presidente Luiz Inácio Lula da Silva no domingo (16) à noite em uma entrevista à TV.
“A única coisa errada neste país é a taxa de juros atual, que está acima de 12% [ao ano]”, disse Lula em entrevista ao Fantástico, da Rede Globo. “Não tem explicação, a inflação está totalmente sob controle. A irresponsabilidade é de quem aumenta as taxas de juros, não do governo federal.”
O Banco Central aumentou a taxa Selic em 100 pontos base, para 12,25% ao ano, na semana passada, ao mesmo tempo em que se comprometeu a aumentar as taxas para 14,25% nos próximos meses.
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No comunicado que acompanha a decisão do Copom - a última presidida pelo governador Roberto Campos Neto, que será substituído por Gabriel Galipolo a partir de 1º de janeiro de 2025 -, os formuladores de política monetária enfatizaram que o pacote fiscal anunciado recentemente pelo governo “impactou significativamente os preços e as expectativas dos ativos, especialmente o prêmio de risco, as expectativas de inflação e a taxa de câmbio”.
Lula recebeu alta do hospital no domingo, após ter sido submetido a uma cirurgia cerebral de emergência no início da semana. Ele disse que ficará em São Paulo até quinta-feira (19) para passar por uma nova tomografia computadorizada e depois voltará para a capital, Brasília.
“Estou indo bem”, disse Lula, de 79 anos. “Estou me sentindo como um homem protegido por Deus.”
A economia brasileira fecha mais um ano de crescimento acima do que o esperado, com a maioria dos analistas prevendo que o Produto Interno Bruto (PIB) crescerá mais de 3% em 2024.
As famílias consomem mais em meio ao desemprego recorde e ao aumento dos gastos do governo, embora a força da demanda interna também pressione as expectativas de inflação.
O governo de Lula tem buscado cumprir suas promessas de elevar o padrão de vida dos pobres e recentemente anunciou o plano de isentar o Imposto de Renda para pessoas que ganham menos de R$ 5.000 por mês.
Mas esse plano diminuiu o impacto de um pacote de austeridade que prevê o corte de R$ 70 bilhões em gastos, alimentando o ceticismo dos investidores em relação ao compromisso de Lula com o reequilíbrio das contas públicas. O Congresso precisa aprovar o pacote fiscal antes que os legisladores entrem em férias.
"Ninguém neste país, nem mesmo o mercado, tem mais responsabilidade fiscal do que eu", disse Lula. "Eu já governei esse país antes e não é o mercado que tem que se preocupar com os gastos do governo. É o governo, porque se eu gastar mais do que eu tenho, quem vai pagar mais são os pobres."
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