Lula indica head do Bradesco para política monetária e mais dois diretores para o BC

Nilton David, chefe de operações da mesa de tesouraria do Bradesco, foi indicado para substituir Gabriel Galípolo quando ele assumir a presidência do BC no começo de 2025

Tráfico afuera de la sede del Banco Central de Brasil en Brasilia, Brasil, el lunes 17 de junio de 2024.
Por Martha Beck - Simone Iglesias
29 de Novembro, 2024 | 05:53 PM

Bloomberg — O presidente Luiz Inácio Lula da Silva nomeou três novos membros da diretoria do Banco Central na sexta-feira (29), enquanto os investidores pressionam por aumentos mais agressivos das taxas de juros para tentar esfriar a economia e controlar a inflação.

Os três, se aprovados pelo Senado, assumem também uma vaga no Comitê de Política Monetária (Copom), que decide a cada 45 dias os rumos sobre essa área, o que inclui a taxa básica de juros, a Selic.

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Lula indicou Nilton David, atual chefe de operações da mesa de tesouraria do Bradesco (BBDC4), como diretor de Política Monetária, de acordo com um comunicado do Banco Central.

Gilneu Vivan, funcionário de carreira do Banco Central e atual Head do Departamento de Regulação do Sistema Financeiro, foi nomeado diretor de Regulamentação; e Izabela Correa, atual secretária de Integridade Pública, foi indicada para comanda a diretora de Relações Institucionais.

Eles devem substituir Otávio Damaso e Carolina de Assis Barros, respectivamente.

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Nilton David é Head da área de Trading do Bradesco, instituição financeira na qual trabalha há cinco anos, segundo seu perfil no LinkedIn. Ele lidera a negociação de ativos como moedas, juros, ações, commodities e derivativos.

Anteriormente, liderou as mesas de negociação (trading desk) no Morgan Stanley, no Citi e no Barclays. É formado em engenharia pela Poli-USP e estudou economia na FEA-USP.

Segundo fontes do mercado comentaram nas últimas semanas à Bloomberg Línea, um nome do Bradesco já estava entre os mais cotados para assumir a diretoria de Política Monetária.

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O Banco Central enfrenta intensa pressão para acelerar o aumento da taxa de juros após os planos do governo de cortes nos gastos terem frustrado investidores.

As projeções de inflação estão bem acima da meta de 3% até 2027, devido a fatores como demanda aquecida, taxa de desemprego em níveis historicamente baixos e os efeitos de uma severa seca no início deste ano.

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O futuro presidente da instituição, Gabriel Galípolo, afirmou na noite de quinta-feira (28) que o Brasil pode precisar manter a taxa de juros mais alta por mais tempo.

O Banco Central tornou-se alvo de críticas de Lula, que repetidamente condenou o atual presidente da instituição, Roberto Campos Neto, por prejudicar a economia com juros elevados.

Na última quarta-feira (28), Lula afirmou que não há “explicação” para o nível atual dos custos de empréstimos.

Os investidores têm corrido para se desfazer de ativos brasileiros devido à preocupação com os níveis de gastos públicos do país e o aumento da dívida.

O Ibovespa, índice de referência da bolsa brasileira, tem ficado atrás do desempenho da maioria dos índices globais, enquanto o real enfraqueceu para uma nova mínima recorde, ampliando as maiores perdas entre as principais moedas deste ano.

Os traders precificam a possibilidade de um aumento expressivo de um ponto percentual na decisão do banco em dezembro, além de uma taxa Selic próxima a 15% ao ano em 2025.

Mais recentemente, os formuladores de política monetária elevaram a Selic em meio ponto percentual, para 11,25% ao ano, na reunião do Copom em novembro.

-- Atualizada para incluir mais detalhes. Com informações adicionais da Bloomberg Línea.

Veja em Bloomberg.com

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