Lula diz que próximo chefe do BC não ‘deve favor’ e pode elevar juro se preciso

Presidente disse em entrevista a uma rádio nesta sexta que o seu indicado para o BC deve ter coragem de subir ou reduzir a Selic quando chegar a hora

Luiz Inacio Lula da Silva
Por Rachel Gamarski - Raphael Almeida Dos Santos
16 de Agosto, 2024 | 01:24 PM

Bloomberg — O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse que a pessoa escolhida por ele para dirigir o Banco Central não “deve favores” ao governo e pode aumentar a taxa de juros se necessário, mesmo indicando que espera que elas caiam.

O líder de esquerda, que criticou repetidamente a autoridade monetária por manter a taxa de juros em patamar alto, atualmente avalia candidatos para presidente o BC, já que o mandato de Roberto Campos Neto se encerra no final deste ano.

“Quando chegar a hora de reduzir a taxa de juros, ele deve ter a coragem de fazer”, disse Lula em uma entrevista de rádio na manhã de sexta-feira (16). “E quando chegar a hora de aumentar, ele deve ter a mesma coragem. Não existe mágica em economia.”

O real se valorizou 0,5% na manhã de sexta-feira, quando os mercados abriram após os comentários de Lula.

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Os analistas receberam bem os comentários, considerando as críticas anteriores de Lula à política monetária.

“Os discursos do presidente Lula têm sido positivos em relação à política monetária e ao Banco Central há alguns dias”, disse Gustavo Okuyama, gerente de portfólio da Porto Asset. “Isso ajuda o ambiente de risco”.

Rafael Ihara, economista-chefe da Meraki Capital, disse que as declarações foram o mais recente sinal de que o forte enfraquecimento do real em julho e no início de agosto causou uma mudança de tom.

"O palácio presidencial estava em pânico com um dólar forte, e agora está falando a língua do mercado", disse ele.

Ao mesmo tempo, Lula reiterou sua opinião de que não há explicação para a decisão do BC de manter a taxa Selic em seus atuais 10,5% ao ano. Ele disse que “trabalha com a expectativa de que a taxa de juros comece a cair, para que possamos ter mais tranquilidade”.

Os formuladores de política monetária têm mantido a taxa de juros estável desde junho, depois de quase um ano de cortes diante de uma perspectiva de piora da inflação.

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Eles indicaram no início deste mês que não hesitarão em aumentar a taxa se necessário, e os operadores estão precificando um aumento em setembro.

O diretor de política monetária, Gabriel Galípolo, considerado o favorito para ser indicado por Lula para liderar o BC, disse que um aumento da taxa está na mesa e que todos os membros da diretoria farão “o que for preciso” para reduzir a inflação de volta à meta.

À medida que o governo de Lula aumenta os gastos públicos, os diretores do BC lidam com um cenário de forte demanda doméstica, com taxa de desemprego baixa e custos de serviços resistentes.

A atividade econômica ultrapassou todas as previsões em junho, atingindo expansão de 1,4%, de acordo com o indicador de atividade do Banco Central (IBC-Br) publicado na manhã de sexta-feira.

Lula disse na entrevista que conversará com o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, sobre a indicação antes de escolher o próximo líder do BC.

-- Com a colaboração de Maria Eloisa Capurro e Josué Leonel.

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