Lula diz que arrecadação e queda dos juros vão permitir redução da dívida pública

Em evento com investidores estrangeiros no Rio de Janeiro, presidente não fez menção a medidas de contenção de gastos no momento em que economistas alertam para risco fiscal

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Rio de Janeiro — A uma plateia com investidores estrangeiros, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse nesta manhã de quarta-feira (12) no Rio de Janeiro que o Brasil merece um voto de confiança do mercado, em um momento em que o governo tem sido questionado sobre o compromisso com o equilíbrio fiscal diante do aumento das despesas públicas.

O presidente disse que o seu governo segue com compromisso com a responsabilidade fiscal, mas que isso será feito por meio do aumento da arrecadação e da redução da taxa de juros, sem mencionar ajustes pelo lado dos gastos. E disse que espera reduzir a dívida pública sem comprometer a capacidade de investimento do país.

“Estou aqui hoje para mostrar que o Brasil merece a confiança dos investidores. O Brasil tem muita estabilidade. Garantimos estabilidade econômica, social e fiscal” disse o presidente.

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Lula se dirigiu a uma plateia de cerca de 1.500 lideranças globais, incluindo investidores, CEOs, empresários e autoridades, no evento FII Priority realizado nesta quarta-feira (12) no Rio.

As declarações tiveram repercussão negativa entre investidores no momento em que o governo é questionado sobre o aumento dos gastos e o desequilíbrio fiscal, além de decisões como a edição da medida provisória que restringia o uso de créditos gerados no pagamento de PIS/Confins.

Isso porque reforçaram a visão de parte do mercado de que o governo está empenhado em fazer o ajuste fiscal por meio do aumento da arrecadação, e não via cortes de despesas.

O Ibovespa (IBOV) chegou a cair perto de 2% no fim da manhã, enquanto o dólar avançou 0,75%, para R$ 5,41, com a piora do sentimento sobre os ativos domésticos, em um dia de alta em Nova York.

As preocupações fiscais ganharam força entre investidores depois de o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, indicar em reunião com agentes do mercado na última sexta-feira (7) que levaria propostas de contenção de despesas ao presidente, mas que a decisão final seria de Lula.

Os ruídos em torno da medida provisória elaborada pelo Ministério da Fazenda para limitar o uso de créditos de PIS/Cofins pelas empresas elevaram as dúvidas sobre a força das decisões de Haddad.

O Senado devolveu a MP na noite de terça-feira (11)após o presidente da CNI (Confederação Nacional da Indústria) dizer que Lula teria se comprometido a reverter a medida. Haddad afirmou a jornalistas na terça que a Fazenda não tinha plano B para compensar a desoneração da folha de pagamentos e que a tarefa ficaria a cargo dos senadores.

No discurso desta quarta, o presidente Lula mencionou a reforma tributária como um passo crucial para tornar o sistema mais eficiente, beneficiando especialmente os mais pobres.

O encontro no Rio de Janeiro é promovido pelo Future Investment Initiative (FII), uma organização sem fins lucrativos apoiada pelo Public Investment Fund (PIF), fundo soberano da Arábia Saudita.

O evento FII Priority, que já teve edições em cidades como Miami e Hong Kong, é conhecido por fomentar acordos bilionários em investimentos em áreas como energias renováveis e infraestrutura.

Lula indicou que o governo trabalha na elaboração de um plano nacional sobre inteligência artificial.

“Vejo no relacionamento com a Arábia Saudita grande potencial de ganho. Temos grandes expectativas em relação ao fundo bilateral para investimentos em oportunidades especiais, que facilitará ainda mais a parceria entre nossos países. A Arábia Saudita sempre terá no Brasil um aliado privilegiado”, disse.

“Quando se fala de questão climática e energética, não tem nenhum país que pode oferecer a qualidade do Brasil pode oferecer aos investidores que aqui quiserem produzir,” afirmou.

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