Bloomberg — O Banco Central manteve as expectativas de inflação “comportadas” com a sinalização de cortes de 0,50 ponto percentual da Selic para as próximas reuniões, disse Gustavo Pessoa, sócio-fundador da Legacy Capital. Para ele, a orientação do BC permanece adequada.
O BC conseguiu “dar maior previsibilidade e ao mesmo tempo ancorar as expectativas, que seguem caindo” com o chamado “forward guidance”, disse Pessoa em entrevista à Bloomberg News.
“Hoje o mercado acredita em maior probabilidade de mudança de linguagem. Nós, no entanto, achamos que a linguagem ainda é adequada dado o grau de restrição que os juros ainda têm para uma inflação muito baixa”, afirmou.
Uma mudança na orientação da autoridade monetária sobre o futuro do ritmo de cortes entrou recentemente na pauta do mercado. Ex-diretores do BC, como Bruno Serra, da Itaú Asset, e Tiago Berriel, da BTG Pactual Asset, defenderam, em fevereiro, uma sinalização de mais curto prazo do Copom.
Na terça-feira (5), o diretor de política monetária do BC, Gabriel Galípolo, disse que “segue valendo a premissa” que serviu para engajar o BC no “alto risco do guidance”, mas voltou a pontuar que a autoridade irá retirar o plural da comunicação em algum momento.
Um dos pontos de atenção do BC e do mercado é o comportamento dos preços de serviços. Nesta semana, o presidente da autoridade monetária, Roberto Campos Neto, afirmou que a inflação de serviços ainda não acende uma luz vermelha — o que contribuiu para alívio nos contratos de juros futuros.
“A inflação de serviços tem mostrado alguma pressão adicional, que entendemos ser limitada, e concentrada em itens que não detêm relação direta com o ciclo econômico”, disse a Legacy em carta mensal.
A gestora atualmente projeta o IPCA a 3,35% ao fim de 2024 e uma Selic final ainda restritiva, de 8,75% – a taxa básica está hoje em 11,25% ao ano. A inflação mensal deve rodar em patamar mais baixo, próximo a 0,2%, nos próximos meses.
Principais apostas
A gestora também disse na carta que reduziu de forma generalizada as posições aplicadas – que lucram com a queda – em juros, dado o ritmo de atividade mais firme, em especial nos EUA, e a inflação mais resistente no hemisfério norte.
Isso deve “limitar as quedas de juros pelos BCs em 2024, e diminuir o ‘upside’ de posições aplicadas”, disse a Legacy.
A aposta em queda dos juros ainda se justifica, segundo o fundo, pela precificação da curva e pela expectativa de uma dinâmica “mais suave da inflação e do ritmo de atividade, nos EUA” nos dados de março.
O fundo manteve, ainda que em menor intensidade, a posição vendida – que ganha com a desvalorização – do real ante o peso mexicano, com a perspectiva para o diferencial de juros entre os países à frente, segundo a carta.
No mercado de ações, a Legacy tem por objetivo aumentar posições no mercado local em algumas empresas cujos múltiplos estão atrativos, de acordo com o documento.
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