Bloomberg Línea — O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) acelerou para 0,38% em abril, após avançar 0,16% em março, segundo dados divulgados nesta sexta-feira (10) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O resultado veio acima do esperado pelo mercado.
Economistas ouvidos pela Bloomberg News previam avanço de 0,35% para o indicador na comparação mensal e de 3,66% na anual, ante alta de 3,93% no último levantamento.
Na comparação anual, a inflação teve alta de 3,69%, abaixo dos 3,93% observados nos 12 meses imediatamente anteriores. Já no acumulado de 2024 o indicador avança 1,80%.
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Dos nove grupos de produtos e serviços pesquisados, sete tiveram alta em abril, segundo o IBGE. Os grupos com os maiores impactos no índice do mês foram saúde e cuidados pessoais (1,16%) e alimentação e bebidas (0,70%), com 0,15 ponto percentual cada.
No grupo saúde e cuidados pessoais, a maior contribuição veio dos produtos farmacêuticos (2,84%), após a autorização do reajuste de até 4,50% nos preços dos medicamentos, a partir de 31 de março.
Os dados mais fortes do que o esperado vêm dois dias após o Comitê de Política Monetária (Copom) cortar a taxa Selic em 0,25 ponto percentual, para 10,50% ao ano e dizer que o cenário exige uma política monetária contracionista.
O comunicado, divulgado junto com a decisão, foi visto como hawkish por economistas, que citam uma incerteza com relação aos próximos passos no ciclo de redução da taxa básica.
O que dizem os economistas
Na avaliação de Étore Sanchez, economista-chefe da Ativa Investimentos, a divulgação do IPCA desta sexta-feira veio negativa para aqueles que apostavam na desaceleração da inflação, “fortalecendo projeções que indicam a necessidade de uma política monetária mais austera”.
Gustavo Cruz, estrategista-chefe da RB Investimentos, chama a atenção para uma desaceleração nos preços de serviços e um índice subjacente em queda, o que, segundo ele, sugere uma inflação em trajetória de aproximação à meta estabelecida.
“Este cenário pode influenciar as futuras decisões do Copom, especialmente entre os membros que defendem uma redução mais acentuada da taxa Selic. A discrepância entre a inflação esperada pelo mercado e a inflação real, embora leve, não parece comprometer a tendência de convergência para a meta.”
-- Matéria em atualização