IPCA desacelera para 0,21% em junho e vem abaixo do esperado pelo mercado

Economistas consultados pela Bloomberg previam avanço de 0,30% na comparação mensal; em 12 meses, índice chega a 4,23%, vs. 3,93% em maio

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Bloomberg Línea — O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) desacelerou para 0,21% em junho, após ter avançado 0,46% em maio, segundo dados divulgados nesta quarta-feira (10) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O resultado veio abaixo do esperado pelo mercado.

No ano, o IPCA tem alta de 2,48%. Já no acumulado dos últimos 12 meses, a taxa é de 4,23%, acima dos 3,93% observados nos 12 meses imediatamente anteriores.

Estimativa mediana em pesquisa da Bloomberg com economistas apontava para alta de 0,30% na comparação mensal e de 4,32% em relação a junho de 2023.

Na avaliação de Étore Sanchez, economista-chefe da Ativa Investimentos, o dado mostra que o processo desinflacionário está consistente, “com efeitos para reduzir as perspectivas de altas na curva de juros”.

Dos nove grupos de produtos e serviços pesquisados, sete tiveram alta em junho, de acordo com o IBGE.

O maior impacto veio do grupo de alimentação e bebidas, que teve alta de 0,44% e contribuição de 0,10 ponto percentual no índice total. Já a maior variação veio do grupo de saúde e cuidados pessoais, com alta de 0,54% e 0,07 p.p. de contribuição.

Na Alimentação no domicílio, os preços tiveram alta de 0,47%, desacelerando em relação à alta de maio (de 0,66%). Entre as quedas que contribuíram para esse resultado, destacam-se a cenoura (-9,47%), a cebola (-7,49%) e as frutas (-2,62%).

“Entre as frutas, chama a atenção o mamão, que por conta de uma oferta maior e a concorrência com outras frutas da época, teve uma queda no preço. Também a banana prata é destaque, com maior oferta, e ainda, uma perda de qualidade por conta da intensa variação de temperatura em algumas regiões produtoras”, explica André Almeida, gerente de pesquisa do IBGE, em nota.

Rumo dos juros

Os dados do IPCA são acompanhados de perto em meio à elevação nas projeções para a inflação pelo mercado financeiro.

O relatório Focus, do Banco Central, por exemplo, mostrou um aumento – o nono consecutivo – nas estimativas para o IPCA em 2024 e agora vê alta de 4,02% no ano.

A piora nas expectativas vem em um contexto de forte valorização cambial em meio a preocupações com um aumento nos gastos públicos e não cumprimento do arcabouço fiscal proposto pelo governo.

Para a Selic, o mercado não espera novos cortes este ano, com expectativa de manutenção da taxa básica em 10,50% até dezembro, segundo o Focus.