IPCA desacelera em outubro e fica abaixo das expectativas do mercado

Alta no mês foi de 0,24%, enquanto economistas consultados pela Bloomberg esperavam avanço de 0,29%; preços de alimentação desaceleraram pelo quarto mês seguido

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Bloomberg Línea — O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) subiu 0,24% em outubro, segundo dados divulgados nesta sexta-feira (10) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

O resultado veio abaixo da alta de 0,29% esperada por economistas consultados pela Bloomberg.

Nos últimos 12 meses, a inflação acumulada ficou em 4,82% até outubro, ante expectativa mediana de 4,87% entre economistas do mercado financeiro. No ano, o IPCA acumulado até outubro é de 3,75%.

A meta do Banco Central para 2023 é de um IPCA de 3,25%, com intervalo de tolerância de 1,5 ponto percentual para baixo ou para cima (de 1,75% a 4,75%).

O resultado ficou abaixo da inflação de setembro, quando o IPCA avançou 0,26% no mês e de 5,19% em 12 meses.

Segundo o IPCA, a alta em outubro foi puxada principalmente pelo aumento dos preços de passagens aéreas, que subiram 23,7% no mês depois de uma alta de 13,47% em setembro. O aumento contribuiu para a alta de 0,35% no grupo de transportes. Entre os combustíveis, no entanto, apenas o óleo diesel registrou alta (0,33%) no mês, enquanto a gasolina, o GNV e o etanol caíram (-1,53%, -1,23% e -0,96%, respectivamente).

Os preços de alimentos também tiveram desaceleração pelo quarto mês consecutivo, o que contribuiu para o resultado mais ameno da inflação em outubro. Segundo o IBGE, a alimentação em domicílio subiu 0,27% no mês. O aumento ocorreu principalmente em razão a alta dos preços da batata-inglesa (11,23%), da cebola (8,46%), das frutas (3,06%), do arroz (2,99%) e das carnes (0,53%).

O dado de inflação é acompanhado de perto por investidores, que monitoram os passos do Banco Central no ciclo de flexibilização monetária.

O relatório Focus, do BC, mais recente aponta para alta de 4,63% da inflação em 2023 e taxa Selic de 11,75% ao ano em dezembro.

Na ata da reunião do Copom, divulgada nesta semana, o órgão do Banco Central mostra preocupação com as expectativas de inflação, mas reinterou que os cortes de 0,50 ponto porcentual nas próximas reuniões são apropriados para manter a política monetária contracionista necessária para o processo de desinflação.

“As expectativas de inflação seguem desancoradas e são um fator de preocupação. O Comitê avalia que a redução das expectativas requer uma atuação firme da autoridade monetária, bem como o contínuo fortalecimento da credibilidade e da reputação tanto das instituições como dos arcabouços fiscal e monetário que compõem a política econômica brasileira”, afirmou a ata.

A próxima reunião de Comitê de Política Monetária (Copom) acontecerá nos dias 12 e 13 de dezembro.

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