IPCA de agosto aponta deflação, a uma semana de reunião do Banco Central

Inflação ao consumidor teve variação negativa de 0,02% no mês passado, sob impacto de queda nos preços de habitação e alimentação; Bloomberg Economics projetava alta de 0,25% a 0,35%

Inflação; IPCA
10 de Setembro, 2024 | 09:17 AM

Bloomberg Línea — O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) teve uma variação negativa de 0,02% em agosto, segundo dados divulgados nesta terça-feira (10) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O resultado, a primeira deflação do ano, veio abaixo do esperado pelo consenso de mercado.

No ano de janeiro a agosto, o IPCA tem alta de 2,85%. Já no acumulado dos últimos 12 meses, a taxa é de 4,24%, abaixo dos 4,50% observados nos 12 meses imediatamente anteriores.

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O resultado vem uma semana antes da próxima reunião do Copom, do Banco Central, em que parte do mercado já precificava um aumento na taxa básica de juros, a Selic, atualmente em 10,50% ao ano, em razão de fatores como expectativas de inflação desancoradas em relação à meta.

O resultado foi influenciado principalmente pela queda nos preços de habitação (-0,51%), após redução nos preços da energia elétrica residencial (-2,77%;, e de alimentação e bebidas (-0,44%), com a segunda queda consecutiva da alimentação no domicílio (-0,73%), de acordo com o IBGE.

A Bloomberg Economics previa alta do IPCA em agosto no intervalo entre 0,25% a 0,35% na comparação de agosto com julho. Para o acumulado do ano, a alta estimada era de 4,26%.

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Para Claudia Moreno, economista do C6 Bank, a deflação, no entanto, não deve durar — com o IPCA voltando a subir em setembro. “Se em agosto a deflação da energia elétrica jogou o IPCA para baixo, em setembro esse componente vai pressionar o indicador, já que a Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica) acionou a bandeira vermelha 1, o que vai encarecer a conta de luz”, explica.

A projeção do C6 é que o IPCA feche o ano em 4,7%, acima do teto da meta. A Selic, por sua vez, deve ser mantida em 10,5% até o final do ano, mas a economista “reconhece a possibilidade de o Copom (Comitê de Política Monetária do Banco Central) dar início a um breve ciclo de alta”.

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Tamires Vitorio

Jornalista formada pela FAPCOM, com experiência em mercados, economia, negócios e tecnologia. Foi repórter da EXAME e CNN e editora no Money Times.