IPCA acelera para 0,44% em setembro com o aumento dos preços de energia

Índice de inflação acumula alta de 4,42% em 12 meses, acima da meta do Banco Central; Bloomberg Economics previa aumento de 0,45% em relação a agosto

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Bloomberg Línea — O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) acelerou para 0,44% em setembro, influenciado principalmente pelo aumento dos preços de energia no país, em um momento em que o Banco Central voltou a elevar a taxa de juros para fazer frente às expectativas de inflação elevadas.

O principal índice de preços do país, usado como referência pela autoridade monetária, voltou a subir no mês passado depois de registrar uma deflação de -0,02% em agosto, de acordo com os dados divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nesta quarta-feira (9).

Com isso, o IPCA acumulado em 12 meses avançou para 4,42% em setembro, acima dos 4,24% registrados até agosto. O dado está acima da meta do Banco Central de 3%, com intervalo de tolerância de 1,5 ponto percentual para cima ou para baixo. No ano, a inflação acumulada é de 3,31%.

A Bloomberg Economics previa alta de 0,45% em relação ao mês anterior e de 4,44% em relação ao mesmo período do ano passado.

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Em comunicado, o gerente da pesquisa do IBGE, André Almeida, destacou a influência da bandeira tarifária da energia elétrica residencial nos resultados do grupo Habitação.

“A mudança de bandeira tarifária de verde em agosto, quando não havia cobrança adicional nas contas de luz, para vermelha patamar um, por causa do nível dos reservatórios, foi o principal motivo para essa alta. A bandeira vermelha patamar um acrescenta R$ 4,46 aproximadamente a cada 100kwh consumidos”, afirmou. O item exerceu impacto de 0,21 ponto percentual no índice geral de setembro.

O grupo de Alimentação e bebidas registrou alta de 0,50%, com aumento de preços na alimentação no domicílio (0,56%), após dois meses seguidos de recuos. Almeida salientou que o resultado foi influenciado, em grande parte, pelo aumento nos preços da carne bovina e de algumas frutas, como laranja, limão e mamão.

Para Marcos Moreira, sócio da WMS Capital, os riscos inflacionários continuam altos. “Fatores como o mercado de trabalho, com a menor taxa de desemprego da última década, mantêm uma pressão elevada sobre os salários, o que pode dificultar uma convergência mais rápida da inflação para o centro da meta ou até mesmo uma reancoragem das expectativas futuras, quando analisamos um horizonte relevante de 18 meses”, afirmou.

Com a alta no IPCA, a WMS Capital projeta duas altas de 0,50% na Selic ainda este ano e mais 0,25% no início do próximo, com uma taxa de juros terminal de 12%.

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