Bloomberg — O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo 15 (IPCA-15) desacelerou no início de abril, segundo levantamento divulgado nesta sexta-feira (25) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Neste mês, a alta foi de 0,43%, abaixo do 0,44% projetado pelo mercado. Considerado uma prévia da inflação anual do Brasil, a variação do IPCA-15 foi de 5,49% em 12 meses. A estimativa de economistas consultados pela Bloomberg News era de 5,48%.
No mês passado, o avanço foi de 0,64%.

Perspectivas
Diante de uma inflação elevada no país e de uma perspectiva instável no exterior, o banco central considera o quanto precisa elevar a Selic, atualmente em 14,25%. A economia do Brasil está começando a mostrar sinais de desaceleração, mas as famílias estão sendo atingidas pelo aumento dos preços dos alimentos básicos.
O diretor de Política Monetária do Banco Central, Nilton David, disse esta semana que, embora a autoridade monetária estivesse confiante de que os altos custos dos empréstimos estavam tendo o efeito desejado sobre a economia, continuava preocupada com os níveis de inflação de serviços, que é o tipo de aumento de preços que “leva mais tempo para responder às taxas de juros”.
Oito dos nove grupos de bens e serviços monitorados pela agência de estatísticas ficaram mais caros nas duas primeiras semanas de abril.
Os alimentos e as bebidas impulsionaram os ganhos, subindo 1,14% no período, enquanto os custos de transporte caíram 0,44% devido às tarifas aéreas mais baratas.
Os elevados custos dos empréstimos estão pesando sobre a atividade, que começou a se estabilizar nos últimos meses. Mas eles continuam preocupados com um mercado de trabalho robusto e com a crescente incerteza global provocada por uma guerra comercial entre as duas maiores economias do mundo.
Após aumentos de um ponto percentual na taxa básica de juros em cada uma de suas três últimas reuniões, os diretores do banco central sinalizaram que o próximo aumento seria de menor magnitude.
O recente otimismo expresso pelos diretores fez com que os investidores reduzissem suas apostas na trajetória da Selic, com alguns acreditando que a diretoria do banco central pode ter espaço para começar a cortar as taxas até o final deste ano.
“O banco central deve entregar mais um aumento de 50 pontos-base”, disse Gustavo Okuyama, gerente de portfólio da Porto Asset em São Paulo.
“Após os discursos dos últimos dias, as chances de um aumento de 25 pontos-base, deixando as opções em aberto, aumentaram significativamente.”
Essa postura está dando pouco alívio aos consumidores, que estão sendo pressionados por condições financeiras apertadas e pressões de preços latentes.
O aperto resultante em suas carteiras fez com que a popularidade do presidente Luiz Inácio Lula da Silva despencasse e o governo corresse para aliviar a dor.
--Com a ajuda de Giovanna Serafim, Robert Jameson e Josué Leonel.
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