Bloomberg — O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo 15 (IPCA-15) desacelerou no início de dezembro, enquanto os diretores do Banco Central do país preveem mais dois aumentos das taxas de juros até março. No mês, o avanço foi de 0,34%.
Considerado uma prévia da inflação anual do Brasil, a variação do IPCA-15 foi de 4,71%. A estimativa de economistas consultados pela Bloomberg News era de 4,83%.
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Segundo o IBGE, o grupo de alimentação e bebidas teve o maior peso sobre a alta registrada em dezembro (1,47%).
Enquanto isso, a carne mais cara elevou os custos dos alimentos, com a inflação de serviços acima da meta de 3% e um real mais fraco que adicionou pressão sobre os preços dos produtos industriais.
Além disso, o desemprego caiu para 6,1% nos três meses até novembro, o nível mais baixo da série iniciada em 2012.
O BC ajustou para cima a taxa de juros para 12,25% ao ano este mês e sinalizou uma extensão do ciclo de aperto que elevaria a Selic para o maior nível em oito anos. Esse processo se deve também à desancoragem das expectativas de inflação, com a disparada dos juros futuros.
Ao mesmo tempo, um mercado de trabalho forte sustenta a demanda do consumidor e alimenta o crescimento econômico que surpreendeu positivamente ao longo de 2024. Em suma, os formuladores de política monetária afirmam que o processo de desinflação está estagnado.
Gabriel Galípolo, que assumirá o cargo de presidente do Banco Central em janeiro, disse que há uma barra alta para qualquer mudança na orientação (forward guidance) da instituição.
Os empréstimos pendentes cresceram 1,2% no mês de novembro, apesar das altas taxas de juros, de acordo com um relatório do BC publicado nesta sexta-feira (27).
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Os formuladores de política monetária alertaram sobre fluxos de crédito mais fortes do que o esperado, sugerindo cautela em um momento em que as taxas de inadimplência pessoal permanecem em 5,4% e o endividamento das famílias gira em torno de 48%.
Os investidores têm se desfeito dos ativos brasileiros à medida que se tornaram mais céticos em relação às promessas do presidente Luiz Inácio Lula da Silva de controlar os gastos.
O Banco Central interveio no mercado de moedas com leilões à vista e de linhas de crédito repetidamente nas últimas duas semanas, fornecendo liquidez à medida que o real se afunda perto de uma baixa recorde.
Apesar dessa intervenção, o real ainda está em queda de mais de 21% em relação ao dólar este ano, sendo a moeda principal com pior desempenho. Uma taxa de câmbio mais fraca alimenta a pressão inflacionária ao tornar as importações mais caras.
Os analistas consultados pelo Banco Central preveem uma aceleração da inflação anual para 4,91% em todo o mês de dezembro e uma queda para 4,84% no final de 2025.
-- Com a colaboração de Giovanna Serafim.
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