Inflação no Brasil em 2024 superou o teto da meta pela terceira vez em cinco anos

Nos anos 2020, o IPCA ficou acima do limite superior fixado pelo Conselho Monetário Nacional em 2021, 2022 e 2024, já considerando a margem de tolerância

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Bloomberg Línea — A inflação ao consumidor no Brasil medida pelo IPCA, do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), ficou acima do teto da meta estimulada pelo Conselho Monetário Nacional pela terceira vez em cinco anos - ou seja, tanto no governo vigente de Luiz Inácio Lula da Silva como do antecessor, Jair Bolsonaro.

No ano fechado de 2024, o IPCA subiu 4,83%, acima, portanto, da meta estipulada de 3,00%, com margem de tolerância de 1,50 ponto percentual para cima ou para baixo - portanto, 1,50% a 4,50%.

As maiores pressões vieram dos grupos de preços de “Alimentação e Bebidas”, com variação anual de 7,69% e contribuição de 1,63 ponto percentual no IPCA do ano cheio; e de “Saúde e Cuidados Pessoais”, com alta de 6,09% em 2024 e contribuição de 0,81 ponto percentual para o índice do ano.

Em 2023, o IPCA subiu 4,62% e ficou dentro da margem de tolerância de 1,50 ponto percentual para cima (4,75%) ou para baixo (1,75%), dado que o centro da meta era um pouco acima, de 3,25% ao ano.

Leia mais: Inflação ao consumidor acelera em dezembro para 0,52% e fecha o ano em 4,83%

No ano anterior, em 2022, o IPCA ficou em 5,79%, enquanto o centro da meta era de 3,50%, com margem de tolerância de 1,50 ponto percentual - levando as margens para 2,00% e 5,00%.

Em 2021, ano de recuperação da economia do choque anterior da pandemia, a inflação ao consumidor chegou a 10,06%, muito acima dos 5,25% do teto da meta com a margem de tolerância de 1,50 ponto.

Um ano antes, que marcou o início dos anos 2020, o IPCA ficou com folga dentro da meta levando em conta a margem de 1,50 ponto percentual, com o centro da meta em 4,00%. Na ocasião, o índice subiu 4,52%.

Como esperado, a inflação ao consumidor acelerou no último mês de 2024, para 0,52%, versus 0,39% em novembro. Mas ficou abaixo do consenso de expectativas da Bloomberg, de 0,53%.

A maior contribuição em dezembro veio de produtos da categoria “Alimentação e Bebidas”, com 0,25 ponto percentual - e variação de 1,18%. Em seguida, os preços de “Transportes” subiram 0,67%.

Os novos dados devem ajudar investidores a “calibrar” as expectativas para os juros futuros, levando em consideração também o que apontam como falta de compromisso do governo com o equilíbrio fiscal e em buscar estabilizar a trajetória da dívida pública sobre o PIB, que segue em alta.

A primeira reunião do Copom, do Banco Central, em 2025 será no fim do mês, nos dias 28 e 29.

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