Inflação ao consumidor tem maior alta em 3 anos e amplia pressão sobre o governo

IPCA avançou 1,31% em fevereiro, sob efeitos de fatores temporários e sazonais, segundo Adriana Dupita, da Bloomberg Economics; indicador ficou em linha com as estimativas

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Bloomberg — Os preços ao consumidor no Brasil tiveram o maior aumento em três anos em fevereiro, o que amplia a pressão sobre o presidente Luiz Inácio Lula da Silva para aliviar o sofrimento dos consumidores.

Dados oficiais do IBGE divulgados nesta quarta-feira (12) mostraram que a inflação subiu 1,31% no mês passado. Foi o maior aumento mensal desde março de 2022, em linha com a estimativa mediana dos economistas consultados pela Bloomberg. A inflação anual acelerou para 5,06%.

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A inflação latente, especialmente os custos em alta dos alimentos, enfurece consumidores e estimula cada vez mais o governo a procurar uma solução.

O Banco Central deve realizar o terceiro aumento consecutivo da taxa de juros de um ponto percentual na reunião da próxima semana do Copom, o que reduzirá a força para o crescimento em um momento em que os brasileiros estão mais preocupados com a economia.

O que diz a Bloomberg Economics

“A inflação brasileira aumentou em fevereiro devido a pressões temporárias e sazonais. A menos que haja uma forte valorização da moeda ou uma desaceleração econômica muito mais rápida, esperamos que os ganhos de preços fiquem acima da meta ao longo de 2025.

E, com as expectativas de inflação resilientes, isso manterá o Banco Central ocupado. Prevemos um aumento de 100 pontos base na taxa de juros na reunião da próxima semana e mais aperto no segundo trimestre, antes que os formuladores de políticas fiquem em espera pelo resto do ano.”

Adriana Dupita, economista para o Brasil e a Argentina

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Pressão em habitação

Os custos de moradia aumentaram 4,44% no mês, impulsionados por contas de serviços públicos mais altas, uma vez que os créditos de energia do governo expiraram - esses custos representando o principal fator de contribuição para a inflação em fevereiro. Os preços de energia elétrica residencial subiram 16,80% em fevereiro na base mensal.

Os preços de educação subiram 4,7%, enquanto os custos de alimentos e bebidas aumentaram 0,7%, informou a agência de estatísticas.

Espremidos entre a inflação elevada e as taxas de juros mais altas - com a Selic de referência prestes a atingir 14,25% ao ano -, os consumidores estão descontando sua frustração no presidente da República.

Uma série de pesquisas de opinião recentes mostra que seus índices de aprovação estão em queda para os níveis mais baixos de seus três mandatos.

O governo respondeu com medidas que incluíram a redução de impostos sobre alimentos importados. Economistas, no entanto, alertam que o impacto dessas medidas provavelmente será mínimo e que a inflação anual permanecerá acima da meta de 3% em um futuro próximo.

-- Com a colaboração de Giovanna Serafim.

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