Guerra, da Legacy, vê juro ‘fora do lugar’ e espera aceleração no ritmo de cortes

Felipe Guerra, sócio-fundador da Legacy Capital, diz à Bloomberg News que a intensidade da redução da Selic pelo Banco Central não é condizente com as condições da economia

Sede do BC, em Brasília: taxa tem sido reduzida em 0,50 ponto percentual há três reuniões
Por Vinícius Andrade
17 de Novembro, 2023 | 03:48 PM

Bloomberg — O comportamento benigno da inflação no Brasil, um alívio no cenário externo com o recuo dos yields dos títulos do Tesouro americano, a fraqueza da atividade econômica interna e a queda recente dos preços do petróleo devem abrir espaço para uma aceleração no ritmo de cortes da taxa básica de juros no país, segundo Felipe Guerra, sócio-fundador da Legacy Capital.

“O ritmo atual do Banco Central não é condizente com o que estamos vendo na economia”, disse Guerra em entrevista à Bloomberg News. “O BC já deveria acelerar na reunião de dezembro, mas o mais provável é que um corte maior seja discutido entre janeiro e março [de 2024].”

O índice de atividade econômica do Banco Central IBC-BR, considerado uma proxy do Produto Interno Bruto, registrou um recuo inesperado de 0,06% na comparação mensal em setembro, enquanto o consenso da Bloomberg previa uma expansão de 0,20%.

No exterior, os ativos de risco ganharam um impulso nesta semana com a queda dos yields dos Treasuries, à medida que operadores montam apostas em uma flexibilização monetária do Federal Reserve em 2024.

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'O mais provável é que um corte maior seja discutido entre janeiro e março'

Guerra, que projeta uma Selic terminal entre 8% e 9% ao ano, também disse esperar um corte considerável nos preços de combustível da Petrobras (PETR3; PETR4), que atualmente “rodam” com um prêmio de quase 20% em relação aos valores internacionais, segundo ele.

“Os juros no Brasil estão fora do lugar. Se o Banco Central não reconhecer o cenário atual, o governo vai acabar fazendo medidas erradas no lado fiscal.”

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