Governo cancelará parte dos créditos extraordinários, diz secretário do Tesouro

Em entrevista à Bloomberg News, Rogério Ceron afirma que parte dos R$ 40,5 bi em créditos extraordinários, que ficam excluídos da meta fiscal deste ano, serão cancelados

Rogerio Ceron
Por Martha Beck
25 de Setembro, 2024 | 10:51 AM

Bloomberg — O governo registrará neste ano um resultado fiscal melhor do que o esperado por investidores, de acordo com o secretário do Tesouro, Rogério Ceron.

A equipe econômica cancelará parte dos R$ 40,5 bilhões em créditos extraordinários que foram excluídos da meta fiscal deste ano, segundo ele.

O valor pode chegar a até R$ 10 bilhões, o que reduziria o déficit primário, que exclui o pagamento de juros, disse Ceron, em entrevista à Bloomberg News.

O governo autorizou créditos extraordinários para a ajudar o estado do Rio Grande do Sul, que foi atingido pelas enchentes no início deste ano, e combater as queimadas em todo o país. Parte disso, no entanto, não será mais necessário.

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Os riscos fiscais representam as principais preocupações dos investidores, já que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva está aumentando os gastos, sem realizar reformas estruturais, ao mesmo tempo em que depende mais de receitas extraordinárias.

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disse esta semana que o Brasil deve receber uma elevação do rating soberano pelas agências no próximo ano. Sua visão contrasta com o pessimismo dos investidores, que faz do real em uma das moedas emergentes de pior desempenho em 2024.

O país terminará o ano com um déficit primário de R$ 68,8 bilhões, de acordo com o relatório de receitas e despesas divulgado na sexta-feira.

O governo só conseguirá atingir sua meta de ter um déficit máximo de R$ 28,8 bilhões pelo abatimento de créditos extraordinários.

A dívida bruta deve terminar o ano abaixo de 78% do PIB, disse Ceron. Segundo dados do Banco Central, o montante fechou junho em 77,84% do PIB.

A dívida é impactada não apenas pelos resultados fiscais, mas também pelas taxas de juros e pelo PIB. A situação fiscal está melhorando, mas a alta da Selic compensará parte dessa melhora no curto prazo, segundo o secretário.

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Isso adiciona R$ 40 bilhões à dívida, mas não é algo permanente. Os juros devem cair, porque uma taxa real de 8% não é sustentável, avalia.

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