Bloomberg — A precificação do mercado de que a Selic ao final do ciclo de aperto monetário pode chegar a 14% ao ano “não é exagero” dada as incertezas sobre a sustentabilidade do arcabouço fiscal e a piora das expectativas de inflação, segundo Solange Srour, diretora de macroeconomia para o Brasil no UBS Global Wealth Management.
“O mercado está bastante justo na precificação,” afirmou a economista. “É o preço que ele coloca para enfrentar essa incerteza.”
A desconfiança na Faria Lima - centro financeiro do país - sobre o futuro pacote de cortes prometido pelo governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva tem ajudado a aumentar o prêmio de risco sobre os ativos brasileiros, com depreciação do câmbio e aumento na precificação da taxa básica de juros.
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Caso as medidas apresentadas pela equipe econômica sejam insuficientes para frear a piora na expectativa de inflação e a desvalorização do real, a aposta de investidores em um aumento de 0,75 ponto percentual da Selic na próxima reunião do Copom deve ser mantida e dificultará que o Banco Central adote uma postura divergente do mercado.
A economista avalia que a ata da última reunião do Copom, divulgada na terça-feira (12), abriu as portas para essa aceleração em dezembro.
“Está na mão do governo, mas está na mão, também, da reação do mercado ao anúncio”, acrescentou.
Uma deterioração adicional das expectativas inflacionárias pode levar a um “prolongamento” do ciclo de aperto de política monetária, disse o Banco Central na ata divulgada na terça-feira. Ainda segundo os diretores do BC, uma política fiscal crível é importante para ancorar as expectativas.
“O fato de falar de ciclo prolongado não quer dizer que o ritmo [dos aumentos] não possa ser maior”, disse. “É o recado mais duro do Banco Central, porque eles enfatizam muito essa questão da expectativa e do hiato do produto, que estão na direção hoje de mais inflação.”
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