Ata do Copom: o que disseram diretores que votaram por corte de 0,50 ponto do juro

Comitê do Banco Central reiterou cautela na condução da política monetária após corte de 0,25 ponto percentual da Selic, para 10,50% ao ano, na última quarta-feira (8)

BC
14 de Maio, 2024 | 08:35 AM

Bloomberg Línea — O Banco Central divulgou na manhã desta terça-feira (14) a ata da última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), que decidiu na semana passada pelo corte de 0,25 ponto percentual da Selic, para 10,50% ao ano.

O documento destaca que o mercado de trabalho e a atividade têm apresentado maior dinamismo do que o esperado pelo Comitê e que as expectativas para juros e inflação têm sido elevadas nas pesquisas Focus. O fator externo, com cenário mais adverso, também requer maior cautela na condução da política monetária, de acordo com a ata.

PUBLICIDADE

“O Copom decidiu reduzir a taxa básica de juros em 0,25pp e entende que essa decisão é compatível com a estratégia de convergência da inflação para o redor da meta ao longo do horizonte relevante, que inclui o ano de 2025. Sem prejuízo de seu objetivo fundamental de assegurar a estabilidade de preços, essa decisão também implica suavização das flutuações do nível de atividade econômica e fomento do pleno emprego”, diz o documento.

Leia mais: Copom: economistas veem comunicado ‘hawkish’ e incerteza sobre próximos passos

A ata tenta amenizar as preocupações do mercado financeiro com relação ao placar dividido da decisão, que contou com cinco votos a quatro – uma surpresa para muitos economistas e gestores.

PUBLICIDADE

Aos que votaram pelo corte de 0,25 ponto (Roberto Campos Neto, Carolina Barros, Diogo Guillen, Otávio Damaso e Renato Gomes), a justificativa inclui um cenário esperado que não se confirmou devido à desancoragem adicional das expectativas, à elevação das projeções de inflação, ao cenário internacional mais adverso e à atividade econômica mais dinâmica do que esperado.

“Para tais membros, o forward guidance indicado na reunião anterior sempre foi condicional e houve alteração no cenário em relação ao que se esperava. Tais membros ressaltaram que muito mais importante do que o eventual custo reputacional de não seguir um guidance, mesmo que condicional, é o risco de perda de credibilidade sobre o compromisso com o combate à inflação e com a ancoragem das expectativas.”

Já para os que votaram pela redução de 0,50 pp, a ata “julgou-se apropriado, tal como em reuniões anteriores, seguir o guidance, mas reafirmando o firme compromisso com a meta e com a requerida taxa de juros terminal para que o objetivo precípuo do Comitê de convergência da inflação para a meta seja alcançado.” O grupo contou com Ailton Santos, Gabriel Galípolo, Paulo Picchetti e Rodrigo Teixeira.

PUBLICIDADE

A ata destaca ainda que esse grupo enfatizou a necessidade de flexibilidade das decisões nas reuniões a partir de junho, o que permitiria, à luz de novo conjunto de informação, calibrar a trajetória da política monetária da forma apropriada.

Apesar dos votos divergentes, a ata reforça que “todos os membros concordaram que a adoção de uma política monetária mais contracionista, mais cautelosa e sem indicações futuras sobre os próximos movimentos mostrava-se mais apropriada diante do cenário global incerto e do cenário doméstico marcado por resiliência na atividade e expectativas desancoradas.”

“Ressaltaram, ademais, que a política monetária deve se manter contracionista e a taxa de juros terminal será aquela que consolide não apenas o processo de desinflação como também a ancoragem das expectativas de inflação em torno das metas. Por fim, todos corroboraram o entendimento de que a extensão e a adequação de ajustes futuros na taxa de juros serão ditadas pelo firme compromisso de convergência da inflação à meta.”

Mariana d'Ávila

Editora assistente na Bloomberg Línea. Jornalista brasileira formada pela Faculdade Cásper Líbero, especializada em investimentos e finanças pessoais e com passagem pela redação do InfoMoney.