Bloomberg Línea — O Banco Central divulgou na manhã desta terça-feira (14) a ata da última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), que decidiu na semana passada pelo corte de 0,25 ponto percentual da Selic, para 10,50% ao ano.
O documento destaca que o mercado de trabalho e a atividade têm apresentado maior dinamismo do que o esperado pelo Comitê e que as expectativas para juros e inflação têm sido elevadas nas pesquisas Focus. O fator externo, com cenário mais adverso, também requer maior cautela na condução da política monetária, de acordo com a ata.
“O Copom decidiu reduzir a taxa básica de juros em 0,25pp e entende que essa decisão é compatível com a estratégia de convergência da inflação para o redor da meta ao longo do horizonte relevante, que inclui o ano de 2025. Sem prejuízo de seu objetivo fundamental de assegurar a estabilidade de preços, essa decisão também implica suavização das flutuações do nível de atividade econômica e fomento do pleno emprego”, diz o documento.
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A ata tenta amenizar as preocupações do mercado financeiro com relação ao placar dividido da decisão, que contou com cinco votos a quatro – uma surpresa para muitos economistas e gestores.
Aos que votaram pelo corte de 0,25 ponto (Roberto Campos Neto, Carolina Barros, Diogo Guillen, Otávio Damaso e Renato Gomes), a justificativa inclui um cenário esperado que não se confirmou devido à desancoragem adicional das expectativas, à elevação das projeções de inflação, ao cenário internacional mais adverso e à atividade econômica mais dinâmica do que esperado.
“Para tais membros, o forward guidance indicado na reunião anterior sempre foi condicional e houve alteração no cenário em relação ao que se esperava. Tais membros ressaltaram que muito mais importante do que o eventual custo reputacional de não seguir um guidance, mesmo que condicional, é o risco de perda de credibilidade sobre o compromisso com o combate à inflação e com a ancoragem das expectativas.”
Já para os que votaram pela redução de 0,50 pp, a ata “julgou-se apropriado, tal como em reuniões anteriores, seguir o guidance, mas reafirmando o firme compromisso com a meta e com a requerida taxa de juros terminal para que o objetivo precípuo do Comitê de convergência da inflação para a meta seja alcançado.” O grupo contou com Ailton Santos, Gabriel Galípolo, Paulo Picchetti e Rodrigo Teixeira.
A ata destaca ainda que esse grupo enfatizou a necessidade de flexibilidade das decisões nas reuniões a partir de junho, o que permitiria, à luz de novo conjunto de informação, calibrar a trajetória da política monetária da forma apropriada.
Apesar dos votos divergentes, a ata reforça que “todos os membros concordaram que a adoção de uma política monetária mais contracionista, mais cautelosa e sem indicações futuras sobre os próximos movimentos mostrava-se mais apropriada diante do cenário global incerto e do cenário doméstico marcado por resiliência na atividade e expectativas desancoradas.”
“Ressaltaram, ademais, que a política monetária deve se manter contracionista e a taxa de juros terminal será aquela que consolide não apenas o processo de desinflação como também a ancoragem das expectativas de inflação em torno das metas. Por fim, todos corroboraram o entendimento de que a extensão e a adequação de ajustes futuros na taxa de juros serão ditadas pelo firme compromisso de convergência da inflação à meta.”