Com inflação em alta, governo estuda subsídio de alimentos para a baixa renda

Segundo fonte da Bloomberg News, uma das propostas em consideração é bancar parte dos custos para os mais pobres, nos moldes do programa Farmácia Popular

Supermercado
Por Martha Beck - Simone Iglesias
23 de Janeiro, 2025 | 05:09 PM

Bloomberg — O governo avalia medidas para fornecer alimentos com custo reduzido por meio de uma rede popular de abastecimento, numa tentativa de combater a inflação e aumentar a popularidade do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Uma das ideias em consideração tornaria os mais baratos os produtos disponíveis em periferias de grandes cidades, de acordo com uma pessoa com conhecimento do assunto ouvida pela Bloomberg News.

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Tal solução poderia exigir subsídios, mas as autoridades buscam reduzir os preços dos alimentos sem gerar gastos extras em um momento em que os investidores já estão céticos quanto ao compromisso de Lula com a responsabilidade fiscal.

Uma opção seria replicar o programa existente “Farmácia Popular”, por meio do qual o governo cobre todo ou parte dos custos de alguns medicamentos, disse a pessoa, solicitando anonimato porque as conversas não são públicas.

As conversas estão em estágio inicial e Lula se reunirá com os ministros da Fazenda, Agricultura e Desenvolvimento Agrário na sexta-feira (24) para discutir o assunto.

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Lula está cada vez mais preocupado com a ameaça à sua popularidade devido à alta de preços na segunda metade de seu mandato.

Em uma reunião ministerial esta semana, o presidente pediu aos ministros medidas para suavizar o impacto da inflação sobre os trabalhadores.

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Os investidores esperam que o Banco Central eleve a Selic para 15% este ano, com aumento no custo de vida da população.

A inflação anual terminou 2024 em 4,83%, acima da faixa de tolerância, obrigando o presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, a escrever uma carta pública explicando por que a instituição não conseguiu domar os aumentos de preços.

Cerca de 45% dos brasileiros esperam comprar menos nos próximos seis meses, de acordo com o LatAm Pulse, uma pesquisa conduzida pela AtlasIntel para a Bloomberg News e publicada em janeiro.

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A associação da indústria de supermercados do Brasil, Abras, também apresentou ao governo propostas que podem indiretamente permitir que as empresas reduzam os custos dos alimentos, como maior flexibilidade dos contratos de trabalho e a capacidade de vender medicamentos que não exigem receita em supermercados, segundo nota da associação.

A maior preocupação entre os investidores é que a política fiscal de Lula pode acabar alimentando ainda mais a inflação e forçando o Banco Central a subir significativamente a Selic, que atualmente está em 12,25%.

Autoridades do Ministério da Fazenda dizem que o aumento da inflação de 2024 foi causado por condições climáticas extremas, como a seca no norte e enchentes históricas no estado do Rio Grande do Sul, bem como uma desvalorização da taxa de câmbio no segundo semestre do ano.

Outros países que produzem commodities agrícolas foram afetados por eventos climáticos inesperados, o que também gerou um choque de oferta externa. Houve ainda um aumento na demanda global por alguns produtos específicos, como carne e café, de acordo com autoridades.

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