Bloomberg — O mercado financeiro espera que o Banco Central aumente a Selic em até 1 ponto percentual, o que levaria a taxa para 12,25% na quarta-feira (11).
Esta seria a segunda aceleração seguida do ritmo de alta, diante da piora adicional das expectativas inflacionárias e da pressão no câmbio, que atingiu patamar nominal recorde acima de R$ 6,11 pela frustração dos mercados com o pacote de contenção de gastos apresentada pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad.
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Os analistas esperam um tom mais duro no comunicado da reunião, para mostrar que um maior aperto monetário é necessário para reancorar as expectativas, e também avaliam que a decisão deverá ser unânime no último Copom comandado por Roberto Campos Neto, que será substituído em 2025 pelo diretor Gabriel Galípolo.
Os contratos de juros futuros embutem uma alta de 1 ponto percentual na decisão desta semana. O mercado também projeta chances de mais duas altas de 1 ponto em janeiro e março, com uma taxa no final do ciclo de aperto monetário de até 16%, por volta do final de 2025.
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Entre os economistas consultados pela Bloomberg, há uma divisão entre os que acompanham a precificação da curva de juros e uma maioria que prevê aceleração menor do ritmo, para 0,75 ponto percentual. Apenas o Bradesco espera manutenção do ritmo de 0,50 ponto percentual, segundo o levantamento.
Veja comentários:
Mário Mesquita, economista-chefe do Banco Itaú
- Copom deve acelerar o ritmo de ajuste para 1 ponto.
- Projeções de inflação do comitê no cenário de referência — que inclui taxa de câmbio seguindo a paridade do poder de compra e taxa de juros de acordo com a pesquisa Focus — devem subir.
- “Ao longo dos últimos meses, testemunhamos um crescente de incerteza e aversão a risco. Parte dessa pressão decorreu do contexto externo, mas foi também bastante impulsionada pelo anúncio de um ajuste fiscal que, pelo menos em um primeiro momento, frustrou os analistas”
Cassiana Fernandez e equipe do JPMorgan
- Seria ideal realizar uma antecipação do ajuste monetário com aumento de 1 ponto neste Copom, para tentar conter as expectativas de inflação.
- Abordagem mais gradual corre o risco de permitir que a inflação exceda o limite superior da meta também no início de 2026.
Alberto Ramos, economista-chefe para América Latina do Goldman Sachs
- Copom deve elevar a Selic em 0,75 ponto percentual, mas possibilidade de alta de 1 ponto aumenta em caso de depreciação cambial adicional.
- No comunicado, banco prestará atenção em especial às projeções para o final de 2025 e para o segundo trimestre de 2026, bem como a magnitude do desvio da meta de inflação de 3%.
Caio Megale e equipe de economistas da XP
- BC deve promover duas altas de 1 ponto nas reuniões de dezembro e janeiro, seguidas por duas elevações de 0,50 ponto em março e maio.
- “Os fundamentos sugerem inflação mais elevada adiante. Um ajuste monetário mais contundente parece necessário para controlar as expectativas”.
- Pacote de redução de despesas ainda é insuficiente.
Fernanda Guardado e Laiz Carvalho, economistas do BNP
- Banco elevou expectativa de alta da Selic de 0,50 ponto para 0,75 ponto.
- Taxa mais alta é necessária diante da deterioração da inflação no curto prazo, influenciada pelo mercado de trabalho apertado, política fiscal frouxa e expectativas de inflação que seguem subindo apesar da expectativa de juros maiores.
Leonardo Porto, economista-chefe do Citi
- Desde o último Copom, as expectativas medianas de inflação aumentaram para todos os horizontes; além disso, a taxa de câmbio se depreciou acentuadamente, em meio a preços de commodities aproximadamente estáveis.
- Forte crescimento do PIB e o declínio constante da taxa de desemprego são consistentes com a percepção de que o hiato do produto está ainda mais estreito.
Dan Pan, economista para Américas do Standard Chartered
- Cenário base é um aumento de 0,75 ponto com uma decisão unânime.
- “Não descartamos a possibilidade de um aumento de 1 ponto em dezembro, o que enviaria um sinal mais forte sobre a salvaguarda da credibilidade monetária”.
Andrea Damico, economista-chefe da Armor Capital
- Espera alta de 1pp, seguida por outra alta de 1 ponto em janeiro.
- “Inflação corrente começou a dar sinais mais claros de uma reaceleração. Isso não estava tão claro até a última reunião”.
- “O câmbio teve uma depreciação significativa”; comunicado deve ser ainda mais duro e decisão deve ser unânime.
Marianna Costa, economista chefe na Mirae Asset
- Selic deve ter alta de 0,75 ponto em dezembro e janeiro; decisão de acelerar o ritmo deve ser norteada pela piora das expectativas de inflação.
- Houve manutenção das condições apertadas do mercado de trabalho e sinalização de uma política fiscal mais expansionista.
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