Bloomberg — As expectativas de um Federal Reserve mais hawkish e a alta dos preços das commodities arriscam pôr um fim prematuro ao ciclo de flexibilização monetária no Brasil, um dos primeiros e mais acentuados entre os principais bancos centrais globais.
A ponta curta da curva de juros foi pressionada pelos dados de preços ao consumidor dos Estados Unidos divulgados na quarta-feira (10), e o mercado agora vê maiores chances de o Banco Central parar de cortar juros em junho.
Os juros futuros agora precificam uma redução de apenas 7 pontos-base na Selic em agosto, metade dos 15 pontos-base vistos na curva há apenas dois dias.
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A mudança ocorre em meio a uma ampla reprecificação de taxas globais com a expectativa de que o Fed mantenha os juros altos por mais tempo – os swaps nos EUA agora sinalizam menos de dois cortes do Fed até o final de 2024, comparado a seis no início do ano. A Pimco até alertou que o BC americano poderia aumentar juros novamente.
Em sua última reunião, o Banco Central do Brasil abriu a porta para cortes menores a partir de junho, depois de ter reduzido a taxa básica em 3 pontos percentuais em um ritmo constante desde agosto.
Apesar de a inflação continuar a cair, com um IPCA mais baixo que o esperado em março, a 3,93%, a autoridade monetária precisa levar em conta os movimentos do Fed para evitar fuga de capitais se o diferencial de juros entre os dois países se estreitar demais.
O BC também tem que considerar um salto no preço das commodities – petróleo, cobre e minério de ferro têm subido nas últimas semanas – o que é bom para a balança comercial, mas pode pressionar os preços.
Além disso, os investidores estão cada vez mais preocupados com a facilidade com que o Congresso contorna o arcabouço fiscal para acomodar despesas adicionais do governo – incluindo a aprovação na Câmara da liberação imediata de R$ 15 bilhões. Essa pressão prejudica ainda mais a capacidade do Banco Central de reduzir juros.
Na quinta-feira (11), o veterano do mercado e fundador da Verde Asset, Luis Stuhlberger, disse que o prêmio de risco para o Brasil está aumentando e que o mercado “não tem noção de quanto os gastos aumentaram”.
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