Campos Neto diz que as expectativas de inflação vão melhorar com o tempo

Presidente do Banco Central disse em evento nesta segunda que espera uma melhora das previsões de inflação; ele atribuiu a piora nas expectativas a ‘ruídos recentes’

Campos Neto
Por Maria Eloisa Capurro - Barbara Nascimento
27 de Maio, 2024 | 05:07 PM

Bloomberg — O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, disse que as previsões de preços ao consumidor vão melhorar, em uma declaração dada horas depois de o Boletim Focus mostrar que os economistas elevaram suas estimativas de inflação para o período entre 2024 e 2026 para um nível ainda mais acima da meta da autoridade monetária.

Embora as expectativas de inflação tenham aumentado devido a “ruídos recentes”, elas devem se estabilizar e melhorar com o tempo, disse Campos Neto em um evento nesta segunda-feira (27). “Acho que podemos ser otimistas”, disse ele.

As taxas de juros futuros ampliaram as quedas nesta segunda. Campos Neto também disse que, com o tempo, os mercados entenderão que a decisão do Copom neste mês foi técnica, apesar do voto divergente entre os diretores.

Os contratos com vencimento em janeiro de 2027 caíram 12 pontos-base, enquanto a maioria das curvas de juros na América Latina permaneceu relativamente estável durante os feriados nos EUA e no Reino Unido.

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Os investidores brasileiros testam o Banco Central quanto ao seu compromisso com a meta de inflação de 3%, e a maioria dos traders espera que os formuladores de política monetária interrompam seu ciclo de flexibilização em junho.

Na semana passada, os analistas levantaram preocupações sobre as expectativas de inflação em uma reunião privada com alguns dos diretores da autoridade monetária. A maioria desses analistas argumentou que não há mais espaço para reduzir os juros.

Campos Neto disse que as expectativas de inflação mudaram devido a fatores que incluem as mudanças econômicas globais, preocupações com a política fiscal, dúvidas sobre quem será o próximo presidente do Banco Central quando seu mandato terminar e novas incertezas decorrentes das enchentes históricas no sul do Brasil.

As previsões de inflação para o final de 2024 e 2025 subiram para 3,86% e 3,75%, de 3,8% e 3,74%, respectivamente, de acordo com uma pesquisa semanal com economistas do banco central publicada nesta segunda-feira. Os analistas também elevaram suas estimativas de dezembro de 2026 para 3,58%, depois de terem permanecido estáveis em 3,5% por quase um ano.

“Tudo está apontando para uma pausa” nos cortes das taxas, disse Silvia Matos, economista da Fundação Getulio Vargas. Os formuladores de política monetária devem agora manter um tom hawkish para que as estimativas de futuros aumentos de preços atinjam sua meta. “Caso contrário, eles enviarão uma mensagem de que a piora das estimativas de inflação não importa”, acrescentou Matos.

Os analistas consultados na pesquisa do Banco Central ainda apostam em outra queda de 0,25 ponto porcentual em junho, com a Selic caindo para 10% no final do ano e 9% em 2025. Ainda assim, a maioria agora vê uma pausa em julho e a retomada do afrouxamento monetário em dezembro.

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Voto dividido

Os membros do Banco Central, liderados por Campos Neto, cortaram a taxa de juros em 0,25 ponto, para 10,5% ao ano, em 8 de maio, em uma votação dividida. Todos os quatro membros da diretoria nomeados pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva apoiaram uma redução maior, de 0,50 ponto.

A comunicação do BC desde então não dissipou os temores de que a instituição se tornará mais tolerante em relação à inflação quando o mandato de Campos Neto terminar em dezembro, disse o ex-presidente do BC Gustavo Loyola em uma entrevista neste mês.

Campos Neto e o diretor de política econômica, Diogo Guillen, enfatizaram recentemente suas preocupações em relação às expectativas de inflação mais alta, dizendo que elas são más notícias para a autoridade monetária.

Os principais bancos, como o Wells Fargo e o UBS, agora apostam que os formuladores de políticas farão uma pausa em seu ciclo de flexibilização no próximo mês.

Na semana passada, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disse que a meta de inflação de 3% do banco é "exigente", ao mesmo tempo em que observou que o governo continua comprometido com ela.

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