Real resiliente deve ajudar o Banco Central a cortar juros, diz estrategista do BTG

João Scandiuzzi, estrategista-chefe do BTG Pactual, diz em entrevista à Bloomberg News que balanço de pagamentos sólido limita a desvalorização do câmbio

Sede do BTG Pactual na Faria Lima, em São Paulo (Divulgação)
Por Josue Leonel
25 de Outubro, 2023 | 12:39 PM

Bloomberg — A resiliência do câmbio em meio à volatilidade causada pela expectativa de juros altos por mais tempo nos EUA e pelo conflito no Oriente Médio deve ajudar o Banco Central a cortar mais a Selic do que o mercado projeta, segundo o BTG (BPAC11).

O balanço de pagamentos do Brasil “está bem sólido”, o que limita a desvalorização do câmbio e o seu efeito nas expectativas de inflação, disse João Scandiuzzi, estrategista-chefe do BTG Pactual, em entrevista à Bloomberg News com outros executivos na sede do banco, em São Paulo.

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O BTG reconhece que as movimentações recentes dos mercados pioram o balanço de riscos, mas mantém a previsão de que o BC cortará a Selic para até 9,5% em 2024. O mercado de juros futuros chegou a precificar uma taxa terminal perto de 11% na última semana.

Um dos motivos dessa visão mais positiva é o câmbio, segundo o banco. O real acumula um ganho de 2,9% desde o ataque do Hamas a Israel, em 7 de outubro, segundo melhor desempenho entre 31 moedas de países desenvolvidos e emergentes compiladas pela Bloomberg.

A resiliência da moeda, favorecida pelo carregamento vantajoso da taxa de juros no Brasil, de 12,75%, também se ampara no saldo comercial em patamar recorde. Além de itens tradicionais das exportações do país, como os produtos agrícolas e o minério de ferro, agora também o petróleo ganha destaque.

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“A balança de petróleo só tem a melhorar”, diz Scandiuzzi, que prevê o Brasil entre os maiores exportadores do produto até o final da década.

A Petrobras (PETR3; PETR4) divulgou em 16 de outubro uma produção trimestral recorde de óleo e gás, de quase 4 milhões de barris de óleo equivalente por dia. O país tem elevado consistentemente a produção nas últimas décadas, à frente dos demais produtores latino-americanos.

Exagero na pressão dos juros

A revisão que o mercado fez em termos de projeção para a Selic no final do ciclo de cortes parece um pouco exagerada, de acordo com Scandiuzzi.

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Ele considera prematura a discussão no mercado sobre a possibilidade de o BC desacelerar o passo do corte de juros de 0,50 ponto percentual para 0,25 ponto percentual.

“A volatilidade lá fora muda o balanço de riscos no Brasil, mas por enquanto sem um efeito importante nas projeções de inflação”, afirmou.

O mercado monitora as notícias sobre a esperada substituição de diretores do Banco Central, mas com expectativas amenizadas pelo histórico de transparência da instituição, que é reforçado pela obtenção da autonomia formal, segundo os executivos do BTG.

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“O BC, ao longos de décadas, tem construído um alicerce de confiança institucional que traz segurança aos investidores”, disse Marcelo Santucci, CIO da área de Porfólio Solution do BTG.

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