Bloomberg — Integrantes da equipe econômica têm demonstrado internamente preocupação com a retomada da atividade. Embora as projeções para o PIB tenham melhorado - o Ministério da Fazenda já fala em algo próximo de 3% para 2023 -, membros da equipe afirmam que parte da reação da economia é um carrego estatístico.
Assim, o sinal dado pelo Banco Central de que os juros já podem cair a partir de agosto é pouco para a tarefa de dar ao país um crescimento sustentável. Os técnicos afirmam que um dos resultados da política monetária restritiva do BC é que o governo tem que recorrer a estímulos fiscais, como o programa de incentivo a compra de veículos, para atenuar a restrição ao crédito decorrente de juros altos.
Juros abaixo de 10%
Outra preocupação é o horizonte de tempo para que os juros caiam para um patamar abaixo de dois dígitos, como quer o presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Integrantes da equipe econômica afirmam que a janela de tempo já está curta, sendo que um cavalo-de-pau na política monetária - com uma queda brusca - também tem efeitos negativos. Os técnicos acreditam que o Banco Central cometeu erros na condução dos juros e na comunicação que não podem mais se repetir, especialmente depois do desgaste na relação entre o presidente e o BC. Procurado, o BC não comentou.
Clima ainda tenso
O clima entre o Palácio do Planalto e o presidente do BC não melhorou nada. Nem mesmo depois da sinalização da ata do Copom de que a queda dos juros pode começar já no mês que vem. Para alguns membros do governo, já não há mais diálogo possível com o presidente do BC, Roberto Campos Neto.
De sua parte, o chefe da autoridade monetária tem dito publicamente que entende a pressão política e alegado que o BC também não quer juros elevados. Segundo Campos Neto, os indicadores econômicos do país melhoraram e isso é também resultado do trabalho da instituição.
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