Bloomberg — Um ajuste no sistema de metas de inflação será o principal tema da reunião do Conselho Monetário Nacional (CMN) no fim de junho, com integrantes do governo Lula já afirmando publicamente que a adoção de um sistema em que a meta seja contínua seria um avanço institucional.
Uma regra não mais definida pelo ano-calendário atenuaria a pressão para que o governo atinja uma meta anual, reduzindo as chances de uma política monetária excessivamente contracionista, segundo essa visão.
Já a meta em si será outra discussão. Caso a sistemática de meta anual seja mantida, será preciso fixar um número para 2026. Caso mude, será necessário determinar o valor a perseguir num prazo mais longo.
O Brasil busca atualmente uma inflação de 3,25% em 2023, com uma faixa de tolerância de 1,5 ponto percentual para mais ou para menos. Essa meta cai para 3% em 2024 e 2025.
Há dentro do governo quem queira aumentar o número, afirmam as fontes, mas não há qualquer definição sobre o tema. Os votos do CMN, tanto na Fazenda quanto no Banco Central, ainda não começaram a ser elaborados.
Esperança no governo
A chegada de Gabriel Galípolo ao Banco Central antecipa o fim da atual condução da política monetária, segundo integrantes da equipe econômica. A expectativa dentro do governo é que o atual secretário-executivo do Ministério da Fazenda consiga aprofundar o debate “pelo lado de dentro” do Banco Central, o que tornará mais fácil convencer a autoridade monetária sobre a necessidade de baixar juros o quanto antes.
Embora Galípolo já seja hoje o principal responsável pela ponte entre o BC e o restante do governo, ele terá mais influência ao trabalhar dentro da instituição, segundo esses integrantes.
Expectativa x realidade
Isso não quer dizer que a tarefa será fácil. A leitura é que a autoridade monetária está fechada na ideia de que os núcleos de inflação estão melhorando mais devagar que o esperado. E Galípolo terá muito o que aprender na instituição, afirmou o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, já antecipando a pressão extra com a troca da diretoria.
“Tem uma parte muito técnica que ele vai aprender no dia-a-dia,” disse o presidente do BC em entrevista à GloboNews na semana passada.
Medidas Provisórias em xeque
A crise envolvendo a votação da medida provisória que cria a estrutura do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva fez com que seus aliados experientes no Congresso o aconselhem evitar as MPs.
Esse instrumento já funcionou no passado, mas agora se tornou um problema, pois deixa o governo refém da Câmara dos Deputados, na qual o presidente da Casa, Arthur Lira, cobra um preço alto pelo apoio. E não há como recorrer ao Senado caso o texto expire ou seja rejeitado.
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