Bloomberg — Aliados do presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmam que o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, tem buscado ativamente mostrar ao Palácio do Planalto que as decisões do Copom são coletivas como forma de reduzir os ataques à condução da política monetária.
Em audiência pública no Senado e em entrevistas recentes, Campos Neto já disse que o seu é apenas um voto de um total de nove dentro do colegiado. No entanto, afirmam os aliados, esse discurso não reduz a pressão e ainda por cima tem um efeito negativo colateral: enfraquece a figura do presidente da instituição.
Esse enfraquecimento, dizem, é ruim em um momento em que a política monetária é questionada e em que servidores do próprio BC estão retomando a mobilização para valorizar a carreira e obter reajustes salariais.
Insuficientes
A comunicação do BC na ata do Copom ainda não foi suficiente para atender aos anseios da ala política do governo, mesmo com a sinalização de que a autoridade monetária poderá cortar juros a partir de agosto.
A interpretação foi de que um corte virá, mas ainda poderá ser menor do que deveria dadas as condições econômicas atuais. Um potencial corte pequeno não deve diminuir as reclamações sobre o patamar dos juros no Brasil.
Integrantes da equipe econômica afirmam ainda que a ata traz uma série de sinais trocados, como ressaltar a elevação da taxa neutra de juros de 4% para 4,5% ao mesmo tempo que aponta para “um processo parcimonioso de inflexão na próxima reunião”.
Feliz aniversário
Roberto Campos Neto fez aniversário na quarta-feira e recebeu telefonemas de colegas de governo e parlamentares. Um senador do PL relatou o telefonema. Disse que ligou para o presidente do BC, mas não deu parabéns. Para o senador, Campos Neto, por enquanto, só merece um cupcake “com viés de bolo” para agosto.
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