Brasília em Off: A estratégia de Lula para lidar com Arthur Lira e a Câmara

Embate do presidente da Câmara com o governo tem levado a derrotas parlamentares para Lula; mecanismo para liberação de verbas está em estudo

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Bloomberg — O presidente Luiz Inácio Lula da Silva tem sido alertado por integrantes da área econômica de que é preciso acertar logo com o Congresso uma nova forma de destinar recursos do orçamento para emendas parlamentares.

Eles afirmam que a falta de um mecanismo que dê maior autonomia a deputados e senadores sobre o orçamento federal — depois do fim do chamado orçamento secreto — pode prejudicar o avanço de pautas de interesse do governo e custar votos até mesmo da base aliada.

A leitura é que um reflexo dessa demora foi a briga do governo com o presidente da Câmara, Arthur Lira, na semana retrasada, que quase fez com que a medida provisória que cria a nova estrutura de governo caísse por terra.

Apesar da pressão sobre o Palácio do Planalto, Lira acabou cedendo e saiu da briga com menos do que esperava. Assim, avaliam interlocutores do presidente, esse seria um bom momento para fazer um acordo mais favorável ao Executivo sobre emendas.

‘Padilhar’

As críticas à articulação política do governo comandada pelo ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha, renderam um novo verbo em Brasília.

Parlamentares têm reclamado que Padilha não dá prosseguimento a demandas e privilegia aliados, o que agora pode ser chamado de “padilhar”. O ministro tem rebatido as críticas afirmando que o governo trabalha em equipe e que tem toda disposição para o diálogo.

Novo BC

O secretário-executivo do Ministério da Fazenda, Gabriel Galípolo, começará a semana fazendo novos encontros com senadores como uma prévia de sua sabatina para a diretoria do Banco Central. Até agora, os primeiros encontros do secretário com parlamentares serviram mais para reclamar da atual condução da política monetária do que qualquer outra coisa.

Integrantes do governo afirmam que quanto mais tempo o BC levar para reconhecer que já há espaço para reduzir as taxas de juros, mais facilitará a vida de Galípolo, que chegará à instituição num momento em que a queda será praticamente inevitável. Há expectativa do mercado — e do próprio governo — de que a troca na instituição provocará uma mudança na ação da autoridade monetária.

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