Bloomberg — O Brasil vai aderir à carta de cooperação da Organização dos Países Exportadores de Petróleo e Aliados (Opep+), em um movimento que não o obriga a fazer cortes na produção. O Ministro de Energia, Alexandre Silveira, informou na quinta-feira (30) durante encontro com membros da organização que o país deverá se unir ao grupo a partir do próximo ano.
O convite, feito a todos os países produtores de petróleo, não faz obrigações aos signatários e fornece uma plataforma para diálogo e troca de pontos de vista.
“O presidente Lula confirmou nossa entrada na Opep+ a partir de janeiro de 2024″, disse o ministro ao grupo, segundo um vídeo circulado pelos delegados. Ele foi recebido com uma rodada de aplausos.
Um funcionário brasileiro havia dito anteriormente que o país ainda estava considerando o convite. Não está claro se aderir à política de produção do cartel seria do interesse do Brasil, já que é uma das fontes mais significativas de novo crescimento na oferta e a Opep+ está atualmente reduzindo a produção.
“A adesão do Brasil à Opep+ é um pouco como um corredor de revezamento olímpico em ascensão se juntando a uma liga de marcha atlética – as regras não estão configuradas para o sucesso a longo prazo”, disse Schreiner Parker, diretor-gerente para a América Latina na Rystad Energy.
“Sacrificar participação de mercado pelo controle de preços é um mal necessário na Arábia Saudita agora, mas não para o Brasil.”
O gigante latino-americano exportou uma média de 1,8 milhão de barris de petróleo por dia no terceiro trimestre, um aumento de 40% em relação ao ano anterior, de acordo com dados oficiais.
O crescimento da produção melhor do que o esperado no Brasil e nos Estados Unidos está ajudando a elevar o fornecimento global diário em 1,7 milhão de barris este ano para um recorde, segundo a Agência Internacional de Energia.
As relações entre o Brasil e a Opep+ se fortaleceram sob o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que busca representar o mundo em desenvolvimento como um todo.
O CEO da Petrobras (PETR3; PETR4), Jean Paul Prates, viajou para Viena em julho para participar de um seminário do cartel e, em outubro, o Secretário-Geral da Opep, Haitham Al-Ghais, se encontrou com Lula e outros funcionários no Brasil.
A Petrobras se recusou a comentar sobre o que disse ser uma decisão do governo.
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