Brasil deve defender ideais ocidentais no cenário global, diz Armínio Fraga

Ex-presidente do Banco Central disse no Bloomberg New Economy at B20 que as posições do Brasil devem ser claras e alinhadas à democracia e aos direitos humanos

Arminio Fraga
Por Giovanna Bellotti Azevedo - Daniel Carvalho
23 de Outubro, 2024 | 03:58 PM

Bloomberg — O Brasil deve ser claro em seu alinhamento com os ideais ocidentais de democracia e direitos humanos em um cenário global dividido, disse Armínio Fraga, ex-presidente do Banco Central do país e fundador da Gávea Investimentos.

A estratégia do país de tentar ser simpático a todos não é sustentável, disse Fraga nesta quarta-feira (23), em painel no Bloomberg New Economy at B20, em São Paulo.

Embora existam condições para o Brasil negociar com países de todo o mundo, suas posições centrais devem ser claras mesmo assim, disse Fraga.

Leia mais: Vélez diz que Nubank tem adotado ‘novo olhar’ sobre Argentina com Milei

PUBLICIDADE

“Ao longo dos anos, temos demonstrado um gosto duvidoso em relação às pessoas com quem convivemos e com quem tiramos fotos”, disse Fraga. “Acho que temos que ter muito claro em nossas mentes que somos um país ocidental.”

O governo do Brasil e o presidente Luiz Inácio Lula da Silva têm enfrentado críticas por não fazerem o suficiente para pressionar Nicolás Maduro após as eleições questionadas por indício de fraude na Venezuela, em julho.

Lula defendeu uma solução diplomática depois de anos argumentando que a campanha de sanções pesadas conduzida pelos EUA teria prejudicado de forma desproporcional os cidadãos comuns daquele país.

Leia mais: Há um ‘pessimismo generalizado’ com a situação fiscal no país, diz José Olympio

No mesmo painel, Stefan Simon, CEO para as Américas e membro do conselho de administração do Deutsche Bank, disse que o mundo está de volta aos “tempos pré-OMC” em termos de política e comércio, em referência à Organização Mundial do Comércio.

O desafio agora, disse Simon, é enfrentar os desafios geopolíticos em um mundo mais dividido, entender quais são os riscos e ser capaz de "agir rapidamente".

Como investidor de longa data na América Latina, Simon acrescentou que o banco está "muito otimista" com relação à região.

PUBLICIDADE

- O Bloomberg New Economy at B20 é organizado pelo Bloomberg Media Group, uma divisão da Bloomberg LP, a empresa controladora da Bloomberg News.

Veja mais em Bloomberg.com

Leia também

‘No landing’: CEO do Bank of America diz que Fed não deve ser agressivo com corte

Por que o Brasil não merece assento permanente no Conselho de Segurança da ONU