Bloomberg — O principal promotor do Brasil apresentou acusações federais contra Jair Bolsonaro, alegando que o ex-presidente articulou e liderou uma tentativa de golpe após sua derrota nas eleições de 2022.
Outras 33 pessoas também foram denunciadas pela Procuradoria-Geral da República (PGR), incluindo o ex-ministro da Defesa e da Casa Civil Walter Braga Netto, que foi candidato a vice na chapa de Bolsonaro em 2022; Augusto Heleno, ex-chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI); e Anderson Torres, ex-ministro da Justiça, entre outros.
O procurador-geral Paulo Gonet acusou formalmente Bolsonaro nesta terça-feira (18), com recomendações das autoridades federais que investigam a tentativa de insurreição de 8 de janeiro de 2023 em Brasília.
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Na ocasião, milhares de seus apoiadores invadiram e depredaram prédios do governo e da República na semana seguinte à posse de Luiz Inácio Lula da Silva na presidência.
A Polícia Federal disse em novembro passado que Bolsonaro e 36 outros envolvidos, incluindo militares de alta patente que serviram em seu governo, deveriam enfrentar acusações na Justiça por planejar um golpe e cometer crimes contra a democracia.
As autoridades disseram que Bolsonaro tinha pleno conhecimento de um plano para assassinar Lula, o vice-presidente Geraldo Alckmin e o ministro do Supremo Tribunal Federal Alexandre de Moraes.
Com a formalização da denúncia pela PGR, caberá ao Supremo Tribunal Federal (STF) decidir se iniciará um processo criminal contra o ex-presidente, que já está proibido de se candidatar a um cargo público até 2030 por decisão da Justiça Eleitoral e agora enfrenta a perspectiva de ser preso.
Outro lado: Bolsonaro nega acusações
Bolsonaro, que anteriormente negou qualquer irregularidade e acusou as autoridades de perseguição política, não respondeu imediatamente a um pedido de comentário da Bloomberg News. Na terça, ele disse a jornalistas em Brasília que não tinha “nenhuma preocupação” com as acusações contra ele.
Bolsonaro tem enfrentado um crescente escrutínio legal desde sua derrota apertada para Lula, um resultado que ele colocou em dúvida ao espalhar teorias da conspiração sobre fraude eleitoral, sem apresentar provas.
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O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) o impediu de ocupar cargos públicos por oito anos após a eleição como resultado do julgamento de tais acusações, enquanto a polícia prendeu membros importantes de seu círculo íntimo - incluindo o general aposentado que serviu como seu companheiro de chapa em 2022 - como parte da investigação da alegada tentativa de golpe e outras investigações.
A Polícia Federal já havia recomendado acusações contra Bolsonaro relacionadas a alegações de falsificação de registros de vacinação e venda ilegal de presentes recebidos dos governos da Arábia Saudita e de Bahrein.
A PF apreendeu o passaporte de Bolsonaro em fevereiro de 2024 em meio às investigações, e o Supremo Tribunal Federal o impediu de deixar o país para participar da cerimônia de posse do aliado próximo Donald Trump nos Estados Unidos em janeiro.
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