BC evita sinal de alta da Selic e deve pressionar câmbio e DI, dizem economistas

Segundo analistas do mercado financeiro, a reação dos ativos nesta quinta-feira (1) deve seguir a leitura de que o BC não tem pressa para elevar a Selic

Banco Central do Brasil
Por Barbara Nascimento - Josue Leonel - Felipe Saturnino
01 de Agosto, 2024 | 08:49 AM

Bloomberg — O Banco Central manteve a taxa Selic estável em 10,50% pela segunda vez seguida, em nova decisão unânime. Apesar de incluir elementos de maior cautela, como esperado por boa parte dos analistas, a avaliação é de que a comunicação do Copom foi menos dura do que as expectativas do mercado.

No balanço de riscos, um dos pontos aos quais os investidores estavam mais atentos, o BC optou por repetir que há fatores “em ambas as direções”.

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Ainda assim, alguns economistas viram uma assimetria altista implícita ao incluir a desancoragem das expectativas e da “taxa de câmbio persistentemente mais depreciada” entre os riscos de piora da inflação.

Leia também: Copom mantém Selic em 10,5% ao ano pela segunda reunião e sinaliza cautela

Um ponto visto como “dovish” foi a adoção do horizonte relevante de 18 meses, seguindo a nova sistemática de meta de inflação contínua. Por outro lado, ao justificar a decisão, o Copom avalia que os cenários interno e externo “demandam acompanhamento diligente e ainda maior cautela”.

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A reação dos ativos deve seguir a leitura de que o BC não tem pressa para elevar a Selic. Os juros mais longos devem subir e a curva pode ganhar inclinação. Já o câmbio deve seguir pressionado e testar o patamar de R$ 5,70, segundo os economistas.

Confira a seguir a avaliação de analistas do mercado financeiro:

Fernando Gonçalves, superintendente de Pesquisa Econômica do Itaú

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  • Mais importante foi não indicar assimetria no balanço de riscos;
  • Continua passando mensagem de observância, sem nenhuma indicação clara de ação iminente;
  • “Esse comunicado certamente inclina a curva, porque fica o recado de que não agora, mas mais à frente, pode precisar de mais juros”;

Alberto Ramos, economista-chefe para América Latina do Goldman Sachs

  • “Sem afirmar explicitamente, o balanço de riscos ficou assimétrico para alta, e guiado principalmente por fatores domésticos”;
  • “Foi um sinal, mas o Copom foi cauteloso para não soar alarmista”;

Bradesco

  • “Apesar de deixar a porta aberta para aumentos de juros em caso de um agravamento mais persistente do cenário inflacionário, com sua previsão de inflação para o 1º trimestre de 2026 em 3,2%, o Copom ainda sinaliza que manter as taxas estáveis é suficiente por enquanto”;
  • “Em nosso cenário base, a Selic continuará no nível atual de 10,50% até o final de 2025″;

David Beker, chefe de economia para Brasil e de estratégia para América Latina do Bank of America

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  • Balanço de riscos permanece simétrico e texto mais hawkish;
  • Sinal mais hawkish foi a incorporação dos efeitos de um câmbio depreciado por um período prolongado ao balanço de riscos;
  • “Esperamos que a taxa Selic permaneça estável em 10,50% até o final do ano. Esperamos cortes no próximo ano, levando as taxas para 9,0% até o fim de 2025″;

Leonardo Porto e economistas do Citi

  • A inquestionável deterioração das perspectivas de inflação levou o Copom a intensificar o tom hawkish, embora ainda não indique um aumento iminente da taxa de juros;
  • “Apesar dos riscos crescentes sobre as perspectivas de inflação, continuamos vendo uma taxa Selic estável em 10,50% nas próximas reuniões como o resultado mais provável”;

Laiz Carvalho, economista para Brasil do BNP Paribas

  • A comunicação é de manutenção, de “Selic a 10,50% por bastante tempo, enquanto conseguir segurar”;
  • BC compra tempo para discutir a mudança, “passou para novembro a possibilidade de discutir algo diferente de manutenção”;
  • Dólar pode abrir já passando de R$ 5,70, taxas curtas podem cair e longas, subir;

Rodolfo Margato, economista da XP

  • “O balanço de riscos parece assimétrico para o lado altista. O comunicado trouxe três riscos de alta, contra dois na reunião anterior”;
  • “Estamos observando um câmbio mais depreciado, expectativas de inflação mais altas e isso foi incorporado no parágrafo relacionado ao balanço de riscos. Nós lemos isso como uma assimetria altista”;

Frederico Catalan, gestor de juros do Opportunity

  • “O comunicado veio mais duro que o anterior, mas vai ser interpretado como mais ‘dovish’ pelo mercado”;
  • “Em relação ao horizonte, ficou clara a preferência pela convergência no horizonte de 18 meses, reduzindo a pressão de subir já”;
  • “Não parece um BC que quer subir no curto prazo. Devemos observar movimento de inclinação da curva e abertura de inflação implícita”;

Ian Lima, gestor de renda fixa do Inter Asset

  • Expectativa era de um comunicado muito mais duro: “aos olhos do mercado, veio dovish”;
  • “Recado é que alta não está no radar, em vias de acontecer”;
  • Copom “não reconheceu que houve melhora no cenário externo e deixa na manga uma gordura positiva”;
  • Inter Asset vê inclinação na curva e aumento de implícitas, mas DI deve ceder na parte curtíssima da curva, até julho de 2025;

Sergio Zanini, sócio gestor da Galapagos

  • “Acho que não é um BC preparando o mercado e a sociedade para subir juro. Jogaram o horizonte para o primeiro trimestre de 2026. Engrossaram o tom, mas não vi nenhuma indicação de guidance de alta de juros”;
  • “Mercado esperava uma sinalização mais incisiva de que em setembro, salvo qualquer surpresa, o mais provável seria um ajuste de alta de juros”;
  • “Parte curta da curva deve fechar”;

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