Bloomberg — O Copom a ser formado por uma maioria de indicados do presidente Luiz Inácio Lula da Silva a partir de 2025, o que inclui o sucessor do atual presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, deve manter os juros inalterados pelos primeiros seis meses, de acordo com o Bradesco (BBDC4).
O banco vê os juros parados no atual nível de 10,50% até a segunda metade do ano que vem, quando devem voltar a cair até 9,50%.
Para Myriã Bast, superintendente de pesquisas econômicas da instituição, a nova composição do comitê deve segurar a taxa Selic no primeiro semestre, o que ajudará a inflação a convergir para o objetivo do BC e dará “novos sinais claros de comprometimento com o regime de metas”.
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A redução dos ruídos com a volta do consenso ao Copom deve ajudar a ancorar as expectativas e abrir espaço para o Banco Central cortar os juros em meados de 2025. Com essa combinação de juro restritivo por mais tempo e ganho de credibilidade, “vemos espaço para corte”, disse à Bloomberg News.
A economista afirma que os cortes devem acontecer mesmo em um cenário-base de piora gradual da dívida pública – e diz que não há mais “bala de prata” para resolver a situação fiscal.
Sem uma grande reforma, como a da Previdência, que promova um impacto significativo e rápido nas contas, a alternativa para o fiscal passará por soluções de difícil aprovação e aceitação, como corte de gastos e aumento de receita, disse ela.
Para Myriã, a decisão unânime do BC, assim como o cenário alternativo do Copom que indicou inflação na meta com juro inalterado, foi uma forma de acalmar as expectativas e colocar “panos quentes” na discussão de alta de juros – já embutidos nos contratos futuros para este ano.
Após a decisão do Copom, a curva de juros reduziu as apostas em um ciclo de aperto neste ano. A precificação extraída das taxas do contrato de juros futuros negociados na B3 aponta para uma elevação de 0,50 ponto percentual da Selic até o fim do ano. Antes da reunião do comitê, os operadores se posicionavam para uma alta de 0,75pp do juro básico.
O caminho para uma melhora mais consistente das expectativas de inflação, contudo, passa por uma série de fatores além da diminuição do ruído sobre a política monetária, disse Myriã.
Segundo ela, também é necessário uma melhora do ambiente externo, com o corte nos juros americanos, a publicação do decreto da meta contínua, a divulgação do novo comando do BC e o detalhamento de medidas de corte de despesas pelo governo.
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