Banco Central não tem motivo para aumentar a Selic, avalia gestor da Kinea

Em entrevista à Bloomberg News, Roberto Elaiuy diz que vê ‘prêmio de risco’ na curva de juros, que embute um aumento de 1 ponto na Selic até o fim do ano

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Bloomberg — As apostas do mercado financeiro de que o Banco Central (BC) terá que elevar a Selic ainda neste ano, conforme precificação dos juros futuros negociados na B3, representam um “prêmio de risco” relacionado à volatilidade do mercado e não uma hipótese real de alta da taxa básica brasileira, na visão de Roberto Elaiuy, gestor de fundos da Kinea Investimentos.

“Seria bizarro subirmos com o Fed cortando e a inflação corrente ainda baixa”, disse Elaiuy em entrevista à Bloomberg News, referindo-se à expectativa de que o Federal Reserve, o banco central americano, diminuirá os juros este ano.

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A curva de juros brasileira embute um aumento de cerca de 1 ponto percentual da Selic até o fim do ano, para 11,50%, com chance de início do ciclo na reunião do Copom de setembro. Para o encontro da próxima semana, a aposta é de manutenção da taxa.

Mesmo o resultado do IPCA-15 de julho, que superou todas as estimativas dos economistas com uma alta de 0,30%, não justifica a expectativa de um aperto monetário, afirma Elaiuy.

O dado veio ruim por motivos bem específicos, entre eles a alta das passagens aéreas, segundo o gestor.

O corte do Fed poderá aliviar as moedas globalmente e seria um motivo adicional para o BC manter a política monetária.

“Imagina o BC subir o juro e, em setembro, o Fed cortar a sua taxa, e o dólar voltar para R$ 5,30″, afirmou. “O BC teria subido para cortar depois de poucos meses.”

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