Bloomberg — A mudança do foco da política monetária do Banco Central, que passará a olhar mais para 2025, combinada ao esperado alívio nos juros americanos à frente, permitirá ao Banco Central acelerar o corte da Selic no primeiro trimestre de 2024 e levar a taxa para 8% ao ano, segundo o banco suíço UBS.
“Estamos mais otimistas do que o mercado com a inflação”, disse Alexandre de Ázara, economista-chefe do UBS BB e do UBS para o Brasil. O banco prevê IPCA de 3,3% em 2024 e 3% em 2025, abaixo da mediana dos economistas da pesquisa Focus, do Banco Central, com indicador mais brando tanto em bens industriais quanto em alimentos.
A projeção de inflação perto da meta oficial de 3% nos próximos anos dará conforto ao BC para acelerar o ritmo em março, segundo o economista. Isso porque, já a partir de dezembro deste ano o horizonte da política monetária deve começar a migrar para 2025 - inicialmente com menor peso, mas ganhando importância nos meses seguintes.
A aceleração também deve ter contribuição externa, pois, no mesmo período, o UBS espera que os EUA comecem a cortar sua taxa de juros, amenizando a atual pressão vista sobre os mercados emergentes. “Nesse período, ficará mais claro o início de um processo de flexibilização do Fed”, disse Ázara.
A Selic foi cortada em 1 ponto percentual desde agosto, para 12,75%, após ser mantida em 13,75% por um ano para combater a inflação, impulsionada pela alta de preços que se seguiu à pandemia e ao conflito entre Rússia e Ucrânia. Os alimentos, que tiveram forte encarecimento nos anos anteriores, devem continuar devolvendo o avanço, com ajuda das safras agrícolas recordes do país que devem prosseguir em 2024, segundo Ázara.
Enquanto o mercado passou a apostar recentemente em que o juro cairá para um patamar acima de 10% devido à pressão das taxas americanas, os economistas do UBS acreditam que a taxa será de 8% no fim do ciclo de alívio, em setembro.
Para Ázara, a diminuição recente da precificação de um corte da Selic menor que os atuais 0,50pp não representou uma aposta real em um ritmo menor, pois foi apenas um desmonte de posições nos contratos de juros futuros ocasionado pelo estresse da curva de juros americana.
“O mercado não espera de fato uma desaceleração dos cortes de juros”, afirmou.
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