Bloomberg — O sistema de pagamentos instantâneos do Banco Central rapidamente se tornou um sucesso nacional, com mais de 160 milhões de usuários desde que foi lançado no final de 2020. Agora o plano é torná-lo global.
Com autoridades do G20 reunidas em São Paulo esta semana, o Banco Central discute como tornar os pagamentos internacionais mais rápidos e mais baratos, e considera o Pix como parte da resposta.
O Pix já supera cartões de crédito e débito como forma de pagamento preferida no país, despertando interesse na América Latina, Europa e África, onde autoridades tentam compreender a chave para a popularidade da plataforma.
O Banco Central estuda acordos para conectar o Pix com plataformas em todo o mundo, o que permitiria que o sistema chegasse muito além das fronteiras do Brasil. A Itália vem estudando o Pix e demonstrou interesse em um acordo bilateral.
“Muitas jurisdições nos procuraram para explicar a infraestrutura, seu design e seu sucesso”, disse Mayara Yano, uma das analistas por trás do Pix, em entrevista.
O Banco de Compensações Internacionais, ou BIS na sigla em inglês, publicou um estudo de caso sobre o Pix no ano passado. E é um dos sistemas domésticos de pagamento instantâneo que pretende conectar por meio de seu projeto Nexus.
Cinco países asiáticos testam o Nexus, uma plataforma destinada a facilitar transações internacionais instantâneas, segundo o BIS. O Banco Central considera o sistema um “caminho promissor” para o Pix ganhar escala global além dos acordos bilaterais, disse Yano.
Mas o Pix já se espalha para países que recebem grandes números de viajantes brasileiros. Nos vizinhos Argentina e Uruguai, algumas fintechs e bancos regionais estão permitindo que turistas brasileiros paguem contas de restaurantes e hotéis com o sistema.
Os brasileiros pagam em reais por meio de um código QR vinculado a uma carteira digital ou processador de pagamentos, e as empresas recebem instantaneamente em moeda nacional, dólar ou stablecoin.
O presidente do BC, Roberto Campos Neto, disse que a tecnologia pode ajudar a construir um sistema financeiro mais eficiente e inclusivo em um país onde cerca de 30% da população não tinha conta em banco antes do Pix.
Após o seu lançamento, mais de 70 milhões de clientes fizeram a primeira transferência digital e agora apenas 16% não possuem conta em banco.
“O Pix desempenhou um papel fundamental na inclusão financeira de milhões de brasileiros”, disse Campos Neto durante discurso de abertura da presidência do Brasil do G20, em dezembro.
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