BC reduz Selic em 0,50 ponto e vê cortes de mesma magnitude nas próximas reuniões

Início do ciclo de flexibilização monetária era amplamente esperado pelo mercado financeiro; taxa básica estava em 13,75% desde agosto de 2022

Fachada do Banco Central em Brasília
02 de Agosto, 2023 | 06:47 PM

Bloomberg Línea — O Comitê de Política Monetária (Copom), do Banco Central, decidiu nesta quarta-feira (2) pelo corte de 0,50 ponto percentual da Selic, levando a taxa básica de juros para 13,25% ao ano.

No comunicado divulgado após a decisão, o BC disse que vê espaço para iniciar um ciclo gradual de flexibilização monetária, com novos cortes nas próximas reuniões.

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O movimento de flexibilização monetária era amplamente esperado pelo mercado financeiro, embora não houvesse um consenso sobre o tamanho, com economistas divididos entre um corte de 0,25 e 0,50 ponto percentual.

O corte é o primeiro desde agosto de 2020 e o primeiro com a participação dos novos diretores indicados pelo atual governo, Gabriel Galípolo e Ailton Aquino. A Selic estava em 13,75% ao ano desde agosto de 2022.

“O Copom avaliou a alternativa de reduzir a taxa básica de juros para 13,50%, mas considerou ser apropriado adotar ritmo de queda de 0,50 ponto percentual nesta reunião em função da melhora do quadro inflacionário, reforçando, no entanto, o firme objetivo de manter uma política monetária contracionista para a reancoragem das expectativas e a convergência da inflação para a meta no horizonte relevante”, afirma o comunicado do Copom.

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A expectativa é de que esta seja a primeira redução de um início no ciclo de cortes, em meio à ancoragem das expectativas de inflação.

“Em se confirmando o cenário esperado, os membros do Comitê, unanimemente, anteveem redução de mesma magnitude nas próximas reuniões e avaliam que esse é o ritmo apropriado para manter a política monetária contracionista necessária para o processo desinflacionário”, escreve o BC.

A manutenção da meta de inflação em 3% para 2026 pelo Conselho Monetário Nacional (CMN) e a queda da inflação corrente, inclusive dos núcleos, e das expectativas estavam entre os fatores apontados para justificar uma redução maior do juro.

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No relatório Focus, do BC, economistas de mercado veem agora alta de 4,84% do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) este ano, ante 4,90% anteriormente. Para 2024, a previsão é de alta de 3,89% para o IPCA.

O corte desta quarta veio maior do que o esperado pelos economistas consultados pelo Focus, que previam uma redução de 0,25 ponto percentual, para 13,50% ao ano. Para dezembro, a projeção no Focus aponta para Selic de 12% ao ano.

A decisão do Copom não foi unânime. Cinco membros do colegiado, incluindo Roberto Campos Neto e Gabriel Galípolo, votaram a favor do corte de 0,50 ponto. Outros quatro diretores, incluindo Ailton Aquino e Diogo Guillen (política econômica), votaram pelo corte de 0,25 ponto.

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BC sai na frente no ciclo de cortes

O Banco Central do Brasil foi a primeira autoridade monetária na América Latina a elevar o juros, ainda em março de 2021, enquanto as autoridades do Federal Reserve e do Banco Central Europeu mantinham os juros próximos a zero, mesmo com a alta da inflação no mundo.

Campos Neto e colegiado subiram os juros oito vezes – em quase 9 pontos percentuais – antes que Jerome Powell, do Fed, implementasse seu primeiro aumento.

O movimento do BC brasileiro vem uma semana depois que Powell aumentou a taxa básica dos Estados Unidos pela 11ª vez e sinalizou que mais aperto pode estar por vir.

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Mariana d'Ávila

Editora assistente na Bloomberg Línea. Jornalista brasileira formada pela Faculdade Cásper Líbero, especializada em investimentos e finanças pessoais e com passagem pela redação do InfoMoney.