BC reduz a Selic em 0,50 ponto e sinaliza manter o ritmo de cortes

Taxa básica de juros vai a 11,75% ao ano na última reunião do Copom em 2023, depois da quarta redução seguida de 0,50 ponto percentual

Brasiília, 26/04/2019. Banco Central do Brasil. Foto:Raphael Ribeiro/BCB
13 de Dezembro, 2023 | 06:38 PM

Bloomberg Línea — O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central decidiu cortar a taxa básica de juros da economia brasileira (Selic) em 0,50 ponto percentual, para 11,75% ao ano, em reunião nesta quarta-feira (13). O corte era amplamente esperado pelo mercado financeiro e já havia sido indicado pelo próprio Comitê na reunião anterior, em outubro. A decisão foi unânime.

No comunicado junto com a decisão, o Banco Central fala em manter o ritmo de cortes nas próximas reuniões - em 2024 - e afirma que a conjuntura atual demanda “serenidade” e “moderação” na condução da política monetária.

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Entre os fatores de risco a serem observados estariam uma maior persistência das pressões inflacionárias globais e uma maior resiliência na inflação de serviços do que a projetada em razão de um hiato do produto mais apertado, de acordo com o Copom.

Já entre os fatores que poderiam contribuir para a desaceleração na variação dos preços estão uma desaceleração da atividade econômica global mais acentuada do que a projetada e impactos do aperto monetário sincronizado mais fortes do que o esperado.

A taxa básica de juros do país vem sendo reduzida desde agosto de 2023, depois de ficar cerca de um ano no patamar de 13,75% ao ano.

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Na decisão desta quarta, o comunicado afirma que a redução dos juros não compromete o objetivo de combate à inflação, contribuindo para suavizar as flutuações da atividade econômica e fomentar o pleno emprego.

Quanto ao tamanho total do ciclo de cortes, o Comitê afirmou que ele dependerá da da evolução da dinâmica inflacionária, das expectativas de inflação, em particular daquelas de maior prazo, de suas projeções de inflação, do hiato do produto e do balanço de riscos.

Leia na íntegra o comunicado do Copom:

“O ambiente externo segue volátil e mostra-se menos adverso do que na reunião anterior, marcado pelo arrefecimento das taxas de juros de prazos mais longos nos Estados Unidos e de sinais incipientes de queda dos núcleos de inflação, que ainda permanecem em níveis elevados em diversos países. Os bancos centrais das principais economias permanecem determinados em promover a convergência das taxas de inflação para suas metas em um ambiente marcado por pressões nos mercados de trabalho. O Comitê avalia que o cenário segue exigindo cautela por parte de países emergentes.

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Em relação ao cenário doméstico, o conjunto dos indicadores de atividade econômica segue consistente com o cenário de desaceleração da economia antecipado pelo Copom. A inflação cheia ao consumidor, conforme esperado, manteve trajetória de desinflação, com destaque para as medidas de inflação subjacente, que se aproximam da meta para a inflação nas divulgações mais recentes.

As expectativas de inflação para 2023, 2024 e 2025 apuradas pela pesquisa Focus encontram-se em torno de 4,5%, 3,9% e 3,5%, respectivamente.

As projeções de inflação do Copom em seu cenário de referência* situam-se em 4,6% em 2023, 3,5% em 2024 e 3,2% em 2025. As projeções para a inflação de preços administrados são de 9,1% em 2023, 4,5% em 2024 e 3,6% em 2025.

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O Comitê ressalta que, em seus cenários para a inflação, permanecem fatores de risco em ambas as direções. Entre os riscos de alta para o cenário inflacionário e as expectativas de inflação, destacam-se (i) uma maior persistência das pressões inflacionárias globais; e (ii) uma maior resiliência na inflação de serviços do que a projetada em função de um hiato do produto mais apertado. Entre os riscos de baixa, ressaltam-se (i) uma desaceleração da atividade econômica global mais acentuada do que a projetada; e (ii) os impactos do aperto monetário sincronizado sobre a desinflação global se mostrarem mais fortes do que o esperado. O Comitê avalia que a conjuntura, em particular devido ao cenário internacional, segue incerta e exige cautela na condução da política monetária.

Tendo em conta a importância da execução das metas fiscais já estabelecidas para a ancoragem das expectativas de inflação e, consequentemente, para a condução da política monetária, o Comitê reafirma a importância da firme persecução dessas metas.

Considerando a evolução do processo de desinflação, os cenários avaliados, o balanço de riscos e o amplo conjunto de informações disponíveis, o Copom decidiu reduzir a taxa básica de juros em 0,50 ponto percentual, para 11,75% a.a., e entende que essa decisão é compatível com a estratégia de convergência da inflação para o redor da meta ao longo do horizonte relevante, que inclui o ano de 2024 e o de 2025. Sem prejuízo de seu objetivo fundamental de assegurar a estabilidade de preços, essa decisão também implica suavização das flutuações do nível de atividade econômica e fomento do pleno emprego.

A conjuntura atual, caracterizada por um estágio do processo desinflacionário que tende a ser mais lento, expectativas de inflação com reancoragem apenas parcial e um cenário global desafiador, demanda serenidade e moderação na condução da política monetária. O Comitê reforça a necessidade de perseverar com uma política monetária contracionista até que se consolide não apenas o processo de desinflação como também a ancoragem das expectativas em torno de suas metas.

Em se confirmando o cenário esperado, os membros do Comitê, unanimemente, anteveem redução de mesma magnitude nas próximas reuniões e avaliam que esse é o ritmo apropriado para manter a política monetária contracionista necessária para o processo desinflacionário. O Comitê enfatiza que a magnitude total do ciclo de flexibilização ao longo do tempo dependerá da evolução da dinâmica inflacionária, em especial dos componentes mais sensíveis à política monetária e à atividade econômica, das expectativas de inflação, em particular daquelas de maior prazo, de suas projeções de inflação, do hiato do produto e do balanço de riscos.

Votaram por uma redução de 0,50 ponto percentual os seguintes membros do Comitê: Roberto de Oliveira Campos Neto (presidente), Ailton de Aquino Santos, Carolina de Assis Barros, Diogo Abry Guillen, Fernanda Magalhães Rumenos Guardado, Gabriel Muricca Galípolo, Maurício Costa de Moura, Otávio Ribeiro Damaso e Renato Dias de Brito Gomes.”

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Victor Sena

Editor assistente na Bloomberg Línea. Formado em Jornalismo pela Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro. Especializado em cobertura de economia.